segunda-feira, 14 de maio de 2018

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Um trabalho bem feito não merece ser alvo de elogios.
Elogiar um trabalho bem feito, como estava previsto, é o mesmo que elogiar o gasolineiro que enche o tanque quando lho pedimos. Ou quando o médico faz o diagnóstico certo e a prescrição adequada. 
O elogio deve ser usado quando a tarefa é executada acima das expectativas. Quando o extraordinário acontece em contraponto ao ordinário.
Fazer um elogio perante algo que aconteceu como deveria acontecer é demonstrar que as expectativas eram baixas. É dizer, por outras palavras, que não se esperava que o objectivo fosse alcançado. É afirmar que não se acreditava na possibilidade de quem o executa fosse capaz de o fazer.
Sucede o mesmo perante a recriminação.
Um resultado abaixo do normal deve ser objecto de observação, crítica. Porque a expectativa de ser bem feito foi gorada. Porque aquilo que deveria acontecer não aconteceu.
O ordinário, o normal, não deve ser alvo de observações. Só o extraordinário, (positivo ou negativo) pode e deve ser comentado.

O mal deste país é que temos sempre uma opinião negativa a nosso respeito. Estamos sempre é espera que as coisas corram mal, que os objectivos não sejam alcançados, que nos fiquemos pela mediocridade como se isso fosse o ordinário. 
E quando conseguimos algo de bem feito, de acordo com os padrões generalizados, embandeiramos em arco, fazemos festa, inchamos de orgulho.
E isso é estúpido. Que somos capazes de fazer tão bem como qualquer outro. Que o nosso ordinário pode ser sempre acima do medíocre sem para tal tenhamos que nos empenhar ao nível do extraordinário.

By me

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