quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

MGF



Assinalou-se ontem o dia contra a Mutilação Genital Feminina.
Prática horrenda, com vítimas um pouco por todo o mundo, maioritariamente em África. Mas por cá também.
No entanto, não nos enganemos, não basta proibir e perseguir quem o pratica. Haverá que abordar a questão sob todos os pontos de vista, directos ou indirectos.
Até porque, e como diz o povo, tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a ver.
Sobre o assunto, uma história que me foi contada em 2006 por alguém que esteve por perto da situação.
Num país africano, francófono e de forte influência islâmica, uma mulher enviuvou. De acordo com as normas locais, deveria casar-se em segundas núpcias com o cunhado.
A base para esta norma, antiga de séculos, é o facto de não deverem existir mulheres sós que deverão estar sob a “protecção” de um homem. E, sendo tarefa masculina a guerra, com a morte associada, é admissível a poligamia, desde que o homem prove poder sustentar a mulher.
Podemos discordar disto, mas é o que vigora.
Tal como vigora, nesse país, que o novo marido pode exigir que a nova mulher seja mutilada no seu clitóris. Mutilação que a senhora em causa não possuía e que, ainda de acordo com as normas locais, seria obrigada a fazer.
Como se entende, ela não quis e, clandestinamente, fugiu com ajuda de amigos.
Nessa sua fuga veio parar a Lisboa, onde pediu asilo invocando a situação e alegando que se tivesse que regressar seria presa e mutilada.
O asilo foi-lhe negado!
E com a argumentação de não constar a situação nas normas e códigos portugueses.
Ficou retida na zona internacional do aeroporto à espera de um voo que a levasse de volta ao seu país e a um destino trágico.
Por sorte o caso transpirou e alguém com conhecimentos e influência movimentou-se. E a senhora acabou por cá ficar.

Para esta história de final feliz quantas outras não terão um infeliz?
Será que nos artigos da lei casos como este já são automaticamente reconhecidos como dando direito a asilo?
Ou será que o que lá se passa é condenável mas é lá e não temos que nos meter nisso?

Os actos ficam para com quem os pratica. E não me é agradável viver num país que não acolhe e protege as vítimas ou potenciais vítimas de tal barbárie!

By me

Sem comentários: