quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O tiro no pé



Vejo que está meio mundo incomodado com o facto de ter sido dito que a actual Procuradora Geral da República poder não vir a ser reconduzida do cargo em terminando o actual mandato.
E, entre outros argumentos, dizem que esta declaração a dez meses do fim do cargo a poderá afectar psicologicamente, pondo em causa o seu desempenho.
Não concordo nem discordo com a declaração. Mas certo é que os que a contestam estão a duvidar seriamente da qualidade do seu profissionalismo.
É que se alguém, em sabendo que termina o seu “contrato”, passar a desempenhar mal as suas funções até esse momento não merece sequer ter assumido funções.
Um profissional – ou uma pessoa íntegra – cumpre o seu papel no cargo que exerce até ao fim. Mesmo que o cargo seja de origem política e a nomeação dependa também disso.
A menos que quem assim argumenta entenda que todos os que exercem cargos políticos eleitos ou nomeados a prazo façam mal o seu papel em aproximando-se eleições. Governo, parlamento, autarquias, presidência, juízes, directores gerais…
Já nem quero falar em todos os milhares de cidadãos que possuem contractos de trabalho a termo fixo ou incerto.
Indo mais longe ainda, deduz-se dessa posição de crítica que quem a faz poderia ter a mesma atitude: em sabendo que o seu cargo está a prazo e com o aproximar do seu fim anunciado, passarem a exercer mal as respectivas funções.

De tanto quererem abater os outros acabam por dar um valente tiro no pé.

By me 

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