sábado, 11 de novembro de 2017

Irrepetível



A fotografia funciona como uma tesoira:
Com o seu enquadramento, recorta de um continuo espaço/tempo um pedaço de ambos.
Tal como Prometeu roubou o fogo a Zeus, também o fotógrafo rouba um nico do tempo e do espaço, aprisionando-os entre quatro paredes.

É por isso mesmo que um fotógrafo que o seja não consegue deixar de fotografar: apercebe-se de quão fútil é a sua tentativa, sendo a vida e o universo o que são. E procura, com a multiplicidade dos seus registos, reconstruir aquilo que o obturador e o enquadramento recortam.

O enquadramento perfeito e o instante decisivo são tão mitológicos quanto Prometeu e Zeus. E assim será interpretado quando, daqui por 3.000 anos, estudarem o que fazemos hoje.

By me

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