terça-feira, 5 de setembro de 2017

O porta-chaves



Há objectos que possuímos e usamos e que, de tanto o fazermos, se tornam como que uma segunda pele.
No meu caso específico, e pondo de parte o que se relaciona com fotografia, tanto pode ser uma carteira, um porta-moedas, uma caneta, um porta-chaves…
São objectos mais ou menos banais, que escolhemos pela sua funcionalidade. Claro que o seu aspecto ou estética, as memórias que eventualmente nos despertem ou o hábito que já possuímos por aquele modelo, são importantes no momento da aquisição.
Depois, com o passar do tempo e o uso amiúde, deixamos de pensar neles, forma ou função, manuseando-os com o mesmo automatismo com que coçamos o nariz ou levamos um garfo à boca.
Mas há momentos, porém, em que parece que acordamos para a realidade, sendo obrigados a pensar seriamente neles.
Ou bem porque, pela idade e uso, ganharam deficiências funcionais, ou bem porque algo nas nossas rotinas faz com que o seu manuseio deixe de ser inconsciente e passe a ser bem concreto e definido.
Acordei hoje a pensar que terei que substituir este. Em breve, que a sua capacidade será insuficiente.
É estranho pensar como um simples objecto do quotidiano, com mais de uma dezenas de anos de uso, pode provocar tanta nostalgia por antecipação.
Mas, ao mesmo tempo, tanta satisfação na necessidade da substituição.
Dada a dificuldade que tenho em deitar fora objectos, sei que este acabará por ser guardado numa caixa, em jeito de recordação. E que com o tempo e falta de uso, ganhará verdete no latão a ponto de, daqui por uns anos, me perguntar porque ainda o tenho.
Talvez que então, em dando com ele, me surja uma qualquer ideia para um qualquer conjunto de palavras mal alinhadas como este, referindo um ponto específico de viragem na vida (este) ou um qualquer outro episódio com ele relacionado.

Vivam os porta-chaves e a necessidade de os mudar!

Nota adicional:
Esta é a tal luz de que tanto gosto. De lá para cá, ao invés de ser de cá para lá.
Dá muito mais trabalho no controlo de contrastes e pode ser um bico-de-obra no tocante a flares e luzes parasitas. Frequentemente o párasol original é insuficiente, obrigando a recorrer a “bandeiras” ou palas adicionais, quantas vezes improvisadas com a mão ou um qualquer papel que esteja a jeito.
Mas a ambiência criada, quer se trate de luz difusa ou de luz pontual, permite-me ir mais longe que apenas as superfícies, formas e cores dos assuntos fotografados.

Não pretendo fazer “fotografias de catálogo”, mas tão só a interpretação visual do que sinto e penso. Se o consigo ou não é uma questão de eu me sentir ou não satisfeito com o resultado e quem as vê ter ou não sensações similares às minhas.

By me

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