segunda-feira, 26 de junho de 2017

Surpresas?



Está meio mundo indignado com a notícia sobre o Facebook.
Ao que parece, há uns anos andaram a manipular o que aparecia no “feed de notícias” de alguns utilizadores, com o fito de perceberem até que ponto notícias positivas ou negativas influenciavam os posts dos mesmos. Foram uns milhares assim afectados, sem o saberem.

Estão espantados ou incomodados com o quê?????
Estão à espera que não existam jogos de manipulação nas redes sociais?
Santa ingenuidade!
Isso acontece há dezenas de anos, desde a invenção da comunicação social: impressa, ouvida, vista. As notícias são escolhidas, filtradas, ajustadas e difundidas de acordo com os interesses do meio ou suporte. Interesses económicos, interesses políticos, interesses corporativos, interesses desportivos… interesses.
Mesmo os próprios utilizadores manipulam as opiniões dos que acedem aos conteúdos, publicando o que querem para obter os resultados que querem: aceitação social, influências políticas ou laborais, interacção com terceiros…
As redes sociais são a versão moderníssima das conversas de café ou do largo da igreja. E essas conversas acontecem – sempre – com dois objectivos: porque queremos que a nossa opinião seja ouvida e aceite, porque queremos saber a opinião ou notícias de terceiros.
Por isso se escolhe (ou escolhia) este ou aquele café, este ou aquele banco do largo público: em função de quem o frequenta, onde a nossa opinião pode ser ouvida ou onde o que por lá se diz nos interessa.
Fazem isso os media, todos os dias, a cada instante. Fazemos nós isso nas redes sociais, a cada publicação que fazemos ou acedemos.
Esperar que a gestão das redes sociais seja inócua, isenta, sem interferir em nada nos conteúdos é ingenuidade da mais pura.
Em último caso, vejam-se os banidos, as páginas apagadas, as denúncias por parte de utilizadores…

Acordem!
Manipulação é a palavra-chave desde o invento do púlpito, desde o invento da rotativa, desde o invento da emissão de um para todos.
Tudo o mais são roupagens para um mesmo conceito.
Ou acham que as cores escolhidas para uma capa, ou os sons e imagens escolhidos para um genérico ou as manchas gráficas ou a sequência de conteúdos é inocente e inconsequente?
Da próxima vez que virem algo que vos atraia, positiva ou negativamente, num computador, num jornal, num quiosque ou ouvirem numa rádio, pensem nos motivos que levaram quem vos informa a fazer tal coisa. No escolher o conteúdo, no escolher a forma, no escolher o momento. E porque vos conta aquilo em particular e não tantas outras coisas e assuntos que poderia ter abordado. Boas e más.


Espantem-se com a vossa surpresa, não com o que a motivou!  

By me

Sem comentários: