sexta-feira, 23 de junho de 2017

Óculos de sol



Não gosto de óculos de sol.
Eu próprio não os uso. Os pô-los e tirá-los a cada fotografia ou espreitadela na câmara faz-me variar a sensibilidade dos olhos, não me permitindo uma correcta análise do que estou a fazer.
Por outro lado, e sendo que a grande maioria são coloridos, muito ou pouco, também distorcem a forma de ver o mundo e as suas cores.
Prefiro encarar o que me cerca sem filtros ou artifícios, reservando tal coisa para a forma de captar que me apeteça usar.
Mas também não gosto de óculos de sol nas caras dos outros.
Entendo que possam precisar, por via da intensidade da luz.
Também entendo que os queiram usar como forma de ajeitarem as proporções do rosto, alongando-as ou alargando-as com o formato da armação e lentes.
Mas o certo é que os óculos de sol privam-me de algo de que gosto aos montinhos: ver os olhos das pessoas.
Espreitar os olhos é entrever a alma e gosto de ver isso. E de avaliar se valem, ou não, um registo. Por aquilo que me transmitem enquanto não dão por mim e com o que me dizem quando os nossos três olhares se cruzam: o do modelo, o meu e o da objectiva.

Não gosto de óculos de sol. Tenho que coexistir com eles, mas não gosto.

By me

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