quarta-feira, 31 de maio de 2017

Ora batatas!



Foi há uns dias.
Fui à exposição “Cosmos Discovery” com um jovem amigo e fomos barrados na entrada. Que teríamos que deixar as nossas mochilas.
Ainda tentei argumentar com a questão da confiança: Se não confiam em nós, porque raio temos nós que confiar na integridade de quem as guarda? Não serviu de nada.
De seguida argumentei que nos museus que conheço lá fora a única restrição que colocam é não estar nas costas, podendo as mochilas serem transportadas ao peito ou na mão. Também não os convenci.
E o tom da conversa, se bem que urbano e cordato, subiu um pouco.
Estive prestes a dizer que não entraria nessas condições e vir embora. Só não o fiz porque quem me acompanhava queria mesmo ver a exposição e seria uma decepção “bater com o nariz na porta” por questões de princípio. Entrámos.
Mas no decurso da exposição encontrámos três pessoas, um adulto e dois jovens, tranquilamente passeando com as mochilas nas costas.
Fica-me a pergunta, obviamente: a questão é uma regra para todos ou fica ao critério discricionário dos vigilantes e responsáveis?

No interior conteúdos interessantes, desde peças originais a réplicas, miniaturas, simulacros…
Não sendo eu um especialista na matéria, fui gostando e aprendendo.
Até que “a porca torceu o rabo”!
Numa vitrina, as câmaras fotográficas que foram à lua. Hasselblad, para quem não sabe…
E com alguns detalhes técnicos, que li de fio a pavio. “Estava em casa”. E mais valia que não estivesse!
Havia legendas para todos os objectos expostos, escritas em Inglês e em Português. E, neste caso, não correspondiam uma com a outra.
Na versão inglesa falava-se em “lens speed” e que tinham um desenho de construção para corrigir perspectivas; na versão portuguesa falava-se em “velocidade do obturador” para o mesmo efeito.
A expressão “lens speed” poderá ser estranha para a maioria das pessoas mas está correcta. As objectivas são mais ou menos rápidas, na medida em que deixem passar mais ou menos luz e necessitem de mais ou menos tempo de exposição para uma mesma quantidade de luz na película ou sensor.
Mas a tradução de “lens speed” poderá ser “objectiva rápida” ou “objectiva luminosa”. Nunca “velocidade de obturador”, que é um elemento bem diferente do sistema.
Mais ainda: só conheço um tipo de obturador que influencie a perspectiva. Trata-se de câmara panorâmicas em que a película está curva no seu interior, no lugar de plana como é habitual. E o obturador, ao funcionar, movimenta-se num semi-circulo à sua frente. Com isto consegue-se uma imagem panorâmica alargada, mantendo a imagem focada de um extremo ao outro e com uma perspectiva correcta, já que o eixo está corrigido.
Ao que sei, nada disto foi usado na Lua.
Tratou-se de um erro de tradução, que passaria despercebido ao comum dos visitantes. Mas muito pouco admissível numa exposição que se pretende “científica” e com carácter didáctico, para além de lúdico.
No final, fiz o reparo ao erro. Que admitiram, bem como a existência de outros que não vi. Mas não senti vontade de fazerem as respectivas correcções.

Fica o recado para os que estão a pensar visitar a exposição:
Compareçam com bom aspecto, barba feita, gravata, etc., sem mochilas e sem a ilusão de que tudo o que ali aprenderem esteja certo ou sujeito a correcção.
Afinal, aquilo é um negócio em que o lucro se sobrepõe ao rigor no trato ou nos conteúdos.

Um mau negócio para os visitantes, na minha opinião.

By me 

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