quarta-feira, 5 de abril de 2017

Espantalhos



Recomenda-se. O texto e o livro por inteiro.
Já a fotografia, desculpem, é minha.

“…
Ao escrever que topei com os espantalhos totalmente por acaso, ocorreu-me logo a frase de Tolstoi segundo a qual nada acontece por acaso, o que significa que a nossa vida está subordinada a um desígnio preestabelecido e que a própria ideia de livre arbítrio é ilusória visto que essa suposta liberdade não é senão um dos avatares daquele supremo desígnio. Mas Tolstoi era um crente e era um génio: eu não sou nem uma coisa nem outra. Incomoda-me a ideia de um fatalismo inelutável, a convicção de que as coisas acontecem porque têm que acontecer, porque é o Destino ou a vontade de Deus. Revolto-me contra a ideia de que todas as vidas são trágicas e se reduzem a completar, a cheio, um tracejado previamente desenhado pelo Fado. E, todavia, por mais que faça, não consigo aceitar que aquele meu primeiro contacto com os espantalhos tivesse acontecido por acaso. Havia qualquer coisa cá dentro que me predispunha a esse encontro. “


In “Reflexões sobre fotografia, eu, a fotografia ou outros”, por Gérard Castello-Lopes

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