sexta-feira, 31 de março de 2017

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É verdade!

Por vezes temos tanto para dizer, tanto e tão forte, que o que nos sai em tinta ou luz é… nada.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Saiba-se



O melhor de uma viagem não é o chegar.

É o ir!

By me

quarta-feira, 29 de março de 2017

Cigarros



Não se assustem os mais nervosos: eu não voltei a fumar.
Aliás, completou-se no passado dia 27 quinze meses de não-fumador e penso assim continuar.
No entanto, entendo que havendo tanta coisa tão díspar cá em casa, não faz sentido não haver também tabaco e lume. Não forçosamente para efeitos fotográficos, ainda que possa ser útil, mas para garantir que quem quer que cá venha não entra em estado de nervos por lhe faltar um cigarrinho.
Manias!



By me

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Leio uma frase panfletária, em que um partido político se diz “Sempre do lado dos trabalhadores”.
Se um partido, que é uma organização privada em que o acesso é condicionado pela vontade dos seus membros, está do lado de alguém, quer dizer que ele mesmo – o partido – não é esse alguém.
É uma entidade à parte que, por mero acaso, está solidária com os trabalhadores. Mas que é decisão sua estar assim, podendo, se assim o quiser, não estar.

Ora batatas para os partidos – todos eles – que se entendem do lado do povo porque não são povo.


Já agora acrescento que, para me representar, quero um dos meus e não alguém que diga que está do meu lado!
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terça-feira, 28 de março de 2017

The last one



Esta foi a última fotografia feita no âmbito do meu projecto “Old Fashion”, em 2010. No dia seguinte, um elemento vital a todo o processo avariou de forma irrecuperável. E a peça já não existe no fabricante.
No entanto, quanto foi feita a fotografia não sabia da situação. E publiquei-a, acompanhada deste texto, assim escrito para ser perceptível em fóruns internacionais onde participo e onde a língua portuguesa não é, sabemos, muito conhecida.

I’m sorry to say it, but this one wasn’t done with a Pentax. Neither with my LX or with my K100d or even with my K7.
As a matter of fact, it was done with the stuff of my wooden camera, the fake old one, the one I call “Old Fashion” or "A La Minuta".
A lady and her young son came to me and my camera were I stand, at the Jardim da Estrela, in Lisboa. We did another photo, printed and delivered as usual.
But we had already met several times before. And chatted a lot. The young guy, very young one, had this need to see with his own hands, as any other of that age. Increased with the familiarity with the situation. And didn’t stop trying to play with my camera. Which, obviously, was not build to be played like he wanted.
So, to have him quiet, I promise him that if he behaved properly I would let him make a photo as I do. We should keep our promises so he pressed the cable release!
That’s why I have this one, of my self, among all the others done by this strange photographer that stands alone in a park, offering photos to those who ask him to.
Why am I telling you all this and showing this photo? Well, because I’ll start tomorrow this year’s season there. And, believe me, I became addicted to this activity and I have been missing it since my last day there, last October.

Hurra for Spring and its good weather!

By me

segunda-feira, 27 de março de 2017

Reflexos



É pouco importante se é um tostão ou um milhão, se é original ou prática comum: Quando se trata de se ser honesto, material e intelectualmente, não pode haver zonas cinzentas nem desculpas esfarrapadas. Ou bem que se é honesto ou bem que se é desonesto.
O argumento “toda a gente faz” ou “ninguém dá por nada” ou ainda “eles até merecem” não colhe, que a honestidade é como os interruptores:
Ou estão ligados ou estão desligados.

Fica o recado dado a ti, que tens a fama de incorruptível, de exemplar nas atitudes, mas que na prática tens aquelas pequenas desonestidades recorrentes que te tornam igual àqueles que publicamente acusas.

E não te preocupes com o meu dedo: preocupa-te com o teu reflexo no espelho.

By me

sábado, 25 de março de 2017

Uma vez por ano



A situação é recorrente: uma vez por ano.
Esta noite, quando estivera dar uma, dê duas e acerte o relógio.


Imagem palmada da net

Livre e acrata



Num fórum ou grupo onde se discute um impresso contendo a formalidade da autorização do representante legal de um criança para que possa ser fotografada comercialmente, deu-me para contribuir com estas palavras.
Ficam à consideração (e as suas ideias) dos restantes, agora que vivemos num mundo onde a imagem é rainha.

É sabido que sou um acérrimo defensor do direito à reserva da imagem.
Esse direito aplica-se a qualquer ser humano, seja qual for a sua condição.
Também sabemos que uma fotografia, uma vez divulgada – seja qual for o suporte – é de difícil controlo. Tanto por parte do fotógrafo como por parte de quem nela consta.
Ser um adulto a deliberar sobre o fazer de imagens de menores, sem que fique legalmente salvaguardada a possibilidade de o próprio – o menor – emitir opinião sobre a sua própria imagem é, do meu ponto de vista, um abuso.
Mais ainda, não fica estabelecido nesse contrato que o menor, em chegando à maioridade, poderá revogar o contrato, exercendo o seu direito à reserva da imagem que lhe foi sonegado enquanto menor de idade.
É, do meu ponto de vista, pouco correcto colocar no mercado à revelia do fotografado, imagens dele, ficando “ad eternum” à disposição de quem a queira comprar e usar.
Sei que o mercado fotográfico e publicitário funciona assim. Não significa isso que concorde com tal prática. E, muito menos, que assim proceda eu.
Fazendo uma analogia no tempo, há mais de século e meio que se defende o direito à auto-determinação do ser humano – o fim da escravatura.
Faz sentido fazer o mesmo com a imagem do ser humano, mais a mais quando o próprio não tem poder de decisão sobre ela, como é o caso de menores.


Serei pouco convencional neste tema, mais a mais lidando com a fotografia como lido. Mas a minha condição de fotógrafo em momento algum se sobrepõe à minha condição de ser humano. Livre e acrata.

By me

sexta-feira, 24 de março de 2017

Não adianta



A liberdade é dos bens mais preciosos da humanidade. E é tão caro ao Homem (e aos restantes seres vivos, diga-se de passagem) que a civilização usa a sua privação como forma de punição às infracções aos códigos sociais.
Mas o conceito de liberdade é vasto e abrangente. Para uns poderá ser o movimentar-se sem restrições, para outros o poder criar e desenvolver empreendimentos, para outros o pensar e o falar.
E a ausência de liberdade sempre foi um mal combatido na história. A rebeldia dos povos contra autocratas e ditadores, o recurso a secretismos para escapar a esbirros políticos ou religiosos, o sangue derramado por essa bandeira sem cor nem pátria.
Alguns foram os que entenderam ser seu dever levar esse conceito a todo o mundo e o fizeram. Para dar apenas dois exemplos, Garibaldi e Che Guevara.
No entanto, e por muito nobres que fossem – e eram – os seus ideais, incorreram num erro crasso, hoje repetido: entenderam que o seu conceito de liberdade e a forma de o implantar seriam universais e que todas as sociedades deveriam por ele estar abrangidos. E, no momento em que assim pensaram e agiram foram tão autocratas quanto os naturais dessas sociedades que aos seus irmãos de região impunham a sua privação. Os conceitos sociais variam de zona para zona e de tempo para tempo e não haverá, forçosamente, nem fórmulas universais nem que impor um pensamento a quem não o tem. Tal como não se deve proibir de o ter. Esta é a verdadeira essência de Liberdade.

Por mim, que não sou nem genial nem altruísta para além do limite, entendo que a defesa que devo e posso fazer da Liberdade se restringe à minha área de influência, à sociedade em que me insiro. Junto daqueles que, de alguma forma, se regem por um mesmo conjunto de códigos de sociedade e culturais, onde a minha forma de intervenção pode e deve ser útil. Fazendo com que os meus pontos de vista, mais que serem aceites, possam ser conhecidos. E que cada um, fazendo uso da sua liberdade de acção e pensamento, possa optar pelas condutas que melhor lhe agradem. Passando sempre pelo respeito das liberdades dos restantes.
Claro que este exercício da Liberdade trás sempre amargos de boca. Por parte do exercício do poder governamental, policial, partidário ou laboral. Até mesmo cultural. Há sempre quem goste, queira e possa exercer a autocracia, tentando silenciar aqueles que a denunciam em público. Tenho tido a minha quota-parte e cicatrizes por actuar contra estes actos censórios e restringidores da Liberdade. Mas não é por isso que o deixarei de o fazer e a exercer!
Mas é complicado divulgar ideias e praticar a Liberdade no seio de sociedades que, sabendo-se privadas dela e conscientes da sua existência, nada fazem por ela, em que cada elemento se refugia no seu próprio micro-cosmos, fazendo por ignorar o macro em que se insere. E, com este alhear do que rodeia e, em simultâneo, alijar de responsabilidades, dar espaço de manobra alargado aos títeres e autocratas, de grande ou pequeno calibre, que fazem da sua ditadura a sublimação das suas frustrações pessoais.

É assim que prefiro fazer ouvir a minha voz onde existo na realidade, na sociedade em que estou inserido e que entendo por dentro, deixando as virtualidades das intervenções para aqueles que, ao contrário de mim, querem e sabem agir para além fronteiras e onde não são bem-vindos. E que assumem o risco de, por tanto querem divulgar a Liberdade, acabarem por a impor, impedindo-a.

Até porque, de que adianta querer arrumar a casa dos outros quando a nossa própria está caótica?

By me

quinta-feira, 23 de março de 2017

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Se preciso de dizer algo mais, então este post é inútil!

By me

quarta-feira, 22 de março de 2017

Power



Enquanto ia cuidado do jantar, o televisor perorava os seus programas. Por distracção, e ao invés do costume, havia-o deixado num noticiário.
Os seus sons eram átonos, monocórdicos, variando as vozes mas não as entoações, apenas intercalados com as músicas de separadores.
De súbito apercebo-me que a voz que ouvia falava aceleradamente, em tom exaltado, quase de angústia, num frenesim e volume discordante do resto que me havia chegado aos ouvidos.
Larguei o que fazia e fui cuscar o aparelho, presumindo que algo de realmente importante estava a ser contado ou relatado. De facto estava!
Tinha-se entrado na página do desporto.
Mantive a compostura, não disse nada que a minha avozinha não pudesse ter ouvido e fiz a única coisa sã que poderia fazer.

O jantar foi tranquilo.

By me

terça-feira, 21 de março de 2017

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Parece que hoje é o dia da árvore. Mas também é o dia da poesia.

Portanto, nada como plantar um poema e declamar uma árvore, folha por folha.
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Vazio



Por vezes não é preciso muito para que o mundo fique assim.

By me

segunda-feira, 20 de março de 2017

Celebração



Poucos serão os que se recordam o que se celebra hoje. A maioria usou boa parte da sua capacidade de recordar e celebrar ontem, pouco sobrando disso para hoje.
Claro que a celebração de ontem é importante. É importante para quem celebrou, é importante para quem foi celebrado, é importante para a sociedade que celebra o seu núcleo organizacional mais pequeno, é importante para o comércio de retalho e restauração… Claro que a celebração de ontem é importante.
Mas arbitrária.
Tanto se pode celebrar o Pai no 19 de Março, como no 25 de Agosto ou no 3 de Fevereiro. É completamente arbitrário e o que importa é que seja celebrado.
Já o dia de hoje só pode ser celebrado hoje, por muito que possam tentar fazer de outra forma. Só mesmo a 20 de Março.
O Equinócio da Primavera, aquele dia em que as horas de luz solar são iguais ás de escuridão, em que o Planeta Terra assume esta posição de translação e que, devido  ao seu eixo de rotação esta equivalência de luz e ausência acontece… Celebrar esta data só mesmo hoje.
Convencionámos nós, ocidentais, que hoje se iniciaria a Primavera. No hemisfério norte, que sul é o Outono que se inicia. E fomos de algum modo impondo esse dia e nome onde os europeus têm ou tinham influência. Mas nem em tudo.
No médio Oriente, esta data é usada, ancestralmente, para celebrar o fim do ano ou o início do ano. E faz bem mais sentido que um qualquer 1º de Janeiro: Os próprios astros nos indicam o fim e o início do ciclo.

Bom ano novo para todos.

By me

domingo, 19 de março de 2017

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Fica o aviso à navegação:
Não basta ter um título, um registo e um dia no calendário.
Há coisas na vida que exigem muito mais que apenas isso. Uma parte dela, por exemplo.
As horas em que se faz ou que não se faz, aquilo que se pensa ou age sem pensar, aquilo que se mostra e aquilo que se esconde, aquilo que se sente….


Honra e gloria àqueles que o são e merecem ser e àqueles que não o sendo se comportam como se fossem.
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Um olhar constipado



Esta fotografia serve para demonstrar duas coisas das quais já tinha certezas:

A – Os telemóveis não servem para fotografar só olhos.

B – As constipações de Março são terríveis.

By me

sábado, 18 de março de 2017

No centro



Não sei se o disparate será isto estar no chão se o não olharmos onde pomos os pés.

By me 

sexta-feira, 17 de março de 2017

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Piada laboral:

Nunca digas “amanhã (ou para a semana) conversamos sobre isso” se não o pensares seriamente fazer e não o fizeres.
O maior bem que podemos possuir fora da família e afectos é a nossa credibilidade. Em tempos chamavam-lhe palavra de honra.
Em a perdendo… Dificilmente a recuperamos.

Conheço demasiadas pessoas que a perderam.

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Há que saber dizer “Não” com tanta veemência que o próprio “Sim” se envergonhe de existir.

Mas também há que saber usar o “Sim” com tanta vontade, que o “Não” se encolha de medo.

By me

Primavera



Apesar de ainda faltarem três dias, já se anda a dizer que a primavera anda no ar.
Só que no solo também, apesar de raramente olharmos para ele.
Eis como formigas abrem caminho no centro da cidade para acederem à superfície.
Se virem um montinho de terra assim, na calçada, dêem um passinho ao lado.
Elas merecem, como qualquer outro ser vivo.

Até como nós, os humanos.

By me 

quarta-feira, 15 de março de 2017

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Li por aí algures que hoje é dia de confessar um segredo.
E eu tenho um, grande, que gostaria de contar.
Mas sendo certo que não sou dono exclusivo dele, pergunto a quem comigo o partilha se o posso confessar.


É uma questão de ética, sei lá!
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Uniformes



O tribunal europeu decidiu que as empresas podem proibir os seus trabalhadores de usarem símbolos religiosos ou políticos visíveis.
Isto a propósito de duas mulheres que foram despedidas, em países diferentes, por se recusarem a retirar o seu véu islâmico no trabalho.
Vou presumir que esta proibição se estenda a quipá, fez e taqiyah, hábitos, batinas, aventais, pins com crucifixos ou candelabros, pins ou anéis com logos de partidos ou filosofias…
Também vou presumir que se possa estender para além das empresas a ruas, bairros ou cidades: na minha rua não entram cristãos identificados, no meu bairro não passam comunistas assumidos, na minha cidade não existem gays identificáveis…
Claro que a consequência óbvia será o uniforme obrigatório (modelo Mao ou qualquer outro) e o voto obrigatório no partido único. A forma como a mão se levanta é arbitrária.

Quando, em nome da segurança ou da economia, começam a limitar as liberdades individuais, pode perguntar-se qual é o limite mínimo admissível.

E o máximo.

By me

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A língua tem um montão de aplicações, todas úteis e umas mais prazenteiras que outras.

Lamber uma estampilha de correio é uma delas, mas já não sabem ao mesmo.
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3.000 euros



Ouvi há uns dias que se preparam para legislar no sentido de passar a ser proibido qualquer negócio acima de 3.000 euros ser feito em dinheiro, obrigando ao uso de cheque, cartão ou transferência bancária.
Pergunto porque raio terei eu que ter um contrato com uma entidade privada – um banco – para fazer os meus negócios?
Mais: porque é que uma entidade privada – um banco - tem que lucrar com os meus negócios por imposição do estado?
Mais ainda: porque é que uma entidade privada – um banco – com o qual não negoceio, tem que ficar com os registos dos meus negócios?

Não tenho 3.000 euros para negociar no que quer que seja. Mas se os tivesse eram o resultado do meu trabalho diário.
Porque é que uma empresa privada – um banco – tem que lucrar com o meu trabalho?

Pergunto-me se os governos estão ao serviço dos cidadãos ou dos bancos.

By me

Não



Enquanto a liberdade for uma festa e não um estado de espírito;
Enquanto a cidadania for uma obrigação… dos outros;
Enquanto a solidariedade for apenas um nome bonito…


Continuaremos a deixar que os abutres se alimentem das nossas entranhas!

By me

domingo, 12 de março de 2017

Inclusivo e exclusivo



Este é um assunto que já aqui, na virtualidade das redes sociais, abordei:
Qual a principal diferença entre um pintor e um fotógrafo?
Claro que me dirão algo sobre os suportes, os equipamentos, as técnicas, o tempo de execução… tudo isso é banal e de somenos importância.
Que a principal diferença está, do meu ponto de vista, no raciocínio.
Um pintor trabalha por inclusão, um fotógrafo por exclusão.

Vejamos:
Um pintor, em querendo fazer um retrato por exemplo, preocupa-se com o retratado e muito pouco com o fundo. Querendo, pode até nem pintar o que quer que seja em redor e atrás do modelo, deixando a tela virgem.
Já um fotógrafo não o pode fazer, que a objectiva não é selectiva. Vê-se ele na obrigação de procurar um fundo adequado ou de excluir no fundo os elementos que não convenham. Frequentemente muda de perspectiva em busca de um melhor ou menos mau fundo. E mesmo quando nada há no resultado final, foi porque procurou um fundo neutro que excluísse tudo o mais.
Por outras palavras, o pintor faz incluir na sua tela aquilo que quer do universo que o cerca, o fotógrafo é obrigado a excluir do seu enquadramento tudo aquilo que estiver a mais ou errado.
De um modo muito sintético, poderá dizer-se que o pintor trabalha pela positiva e que o fotógrafo pela negativa.


By me

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Há uma necessidade terrível de classificar as coisas e os actos.
Esquerda, direita, extrema de um ou de outra, populismo, liberal ou neo, geringonça, mecanismo, fascismo, comunismo… A quantidade de nomes é terrível e inconsequente.
Que enquanto não vir medidas concretas para que os contentores de lixo não seja revirados em busca de comida, são todos farinha do mesmo saco.
E não adianta virem com argumentos demagógicos ou bem falantes:

Fome é fome!


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Giro, mas giro mesmo, é ver como boa parte dos media portugueses passaram ontem a esponja do esquecimento sobre o que se comemora a 11 de Março.
Goste-se ou não do que então sucedeu por cá, a verdade é que está na génese de muito do que ainda acontece hoje.

A história serve não apenas para que se celebrem datas mas para que se aprenda com o que foi. O de bom e o de mau.


Mas quando vejo a classe profissional que se intitula de jornalista a ocultar o passado e as suas consequências tenho vontade de desatar ao estalo.

Igualdades



Ontem aconteceu em Lisboa uma manifestação defendendo os direitos da mulher. Fez sentido ser a um sábado e não no dia 8, que estes temas têm que ser abordados todos os dias e não apenas em datas de calendário, efemérides de algo que já ninguém recorda.
Nas reportagens que vi, ouvi amiúde da boca de algumas manifestantes qualquer como isto: “Eles não ajudam em casa!”

Enquanto isto for dito ou pensado haverá fortes motivos para manifestações e necessidade de quotas de género.
Que enquanto se disser isto está-se a pensar que “ele” não tem que fazer tarefas domésticas, porque são tarefas da mulher, mas apenas e no máximo “ajudar”.
Enquanto as mulheres tiverem pensamentos de submissão deste género, de pouco adiantará fazerem manifestações e defenderem quotas de género.

Que é bem mais importante a revolução das mentalidades que a das armas ou dos decretos. 

By me

Aviso



Aviso à navegação:


Não vem que não tem, porque já tem dono!

By me

sábado, 11 de março de 2017

Certezas



Há uns tempos tropecei nisto, escrito no asfalto.

Aqui o deixo, com a certeza de nem sempre ser verdade.

By me

Aprendiz



Há uns bons anos, numa das minhas idas mais ou menos regulares a Barcelona, levei comigo uma sobrinha adoptiva.
Uns meses antes, aquando de um jantar com os seus pais, amigos de longa data, virei-me para ela e perguntei-lhe: “Como é? No verão queres ir comigo a Barcelona?”
Ficou a olhar para mim com cara de tola, os pais a rirem da brincadeira mas, nesse Setembro lá estivemos, 10 dias a ver e viver o possível para ambos.
Um dos locais onde não podia deixar de a levar foi o Museu Picasso. Ainda que não possua as principais obras do génio, cobre toda a sua vida, todas as suas fases, tendo, entre outros, muitos trabalhos da sua infância e esboços de trabalhos maiores e famosos.
No final, perguntei-lhe sobre o que mais havia gostado, entre o que tinha visto e aquilo que eu lhe tinha conseguido explicar.
A resposta foi bem clara, para quem tinha onze anos à altura: “Das pinturas de quando ele era criança e pintava como as pessoas!”

Vem esta estória a propósito de ver e ouvir dizer que não se gosta de regras e convenções.
Posso presumir – e saber – que Picasso, Miro, Dali e tantos outros também não gostavam de regras e convenções e que, quando partiram para o seu estilo próprio e inovador, foi uma tentativa de quebra com todas elas.
No entanto, qualquer um deles dominava, ou tinha dominado, as formas de representação plásticas convencionais, de acordo com as regras estéticas em vigor.
Não apenas porque as estudaram e aprenderam como, querendo expressar os seus próprios sentimentos e emoções e que eles fossem entendidos por outros, tiveram que recorrer às convenções, códigos e regras existentes.
O que aconteceu foi que a dado passo se sentiram insatisfeitos com o que faziam, pois que não o interpretavam como representando o que lhes ia na alma. Partindo das convenções, começaram a inovar, variar, quebrar as regras e códigos estéticos instituídos até encontrarem uma outra linguagem. Onde eles próprios se reconhecessem e que outros, com sentimentos na mesma linha, os reconhecessem e aos seus sentimentos.
Por outras palavras, num círculo de comunicação restrito, criaram outras e novas formas de comunicação, com outras e novas regras e convenções.
Porque, na total ausência de regras e convenções, a comunicação não existe, já que quem vê não entende quem pinta (fotografa, compõe, filma, dança…)
Indo mais longe, o simples facto de nos exprimirmos define uma convenção ou regra, já que o seu autor convenciona ou define que aquele gesto, aquela cor, aquele som ou aquela organização de espaço corresponde a um dado sentimento seu. É um ícone ou a substituição de algo impalpável por algo material ou não, visível ou audível.

Aquilo que eu gosto de ouvir ou ler é, antes sim, que não se gosta destas regras ou convenções. Porque não satisfazem, porque não correspondem aos sentimentos ou porque representam uma geração com a qual se quer quebrar amarras e criar distância. Ou ainda porque essas regras ou convenções nos sufocam e prendem, aspirando nós a outros voos.
É isto que gosto de ler ou ouvir, principalmente se seguido por algo nesta linha:
“Não gosto disto, não me satisfaz, não me identifico com estas regras, convenções, linguagem! Vou partir e encontrar o meu próprio caminho, a minha própria forma de expressão, as minhas próprias regras, convenções, códigos!”
Quando oiço ou leio isto, a minha reacção é sempre a mesma: “ Aleluia! Mais um que aprendeu a pensar e que nos vai ensinar algo de novo! Deixa-me aprender contigo!”

Porque enquanto por cá andar serei sempre um aprendiz. E é tão bom!...

By me

quinta-feira, 9 de março de 2017

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Por aquilo que li aqui e ali sobre a tal conferência cancelada a ser proferida numa universidade por um ideólogo de direita, gostaria de acrescentar o seguinte:
Os estudantes não disseram que o senhor não poderia dizer o que entendia. Terão dito que na sua casa, faculdade, não o queriam.
Podem argumentar o que quiserem sobre liberdade de expressão. Mas a verdade é que na casa de cada um discursa quem quem lá vive autoriza.
Indo mais longe, esse cavalheiro não entraria em minha casa, que tenho o desprazer de já ter trabalhado com ele.

E sempre gostaria de saber o que diriam ou fariam os que agora protestam se alguém convidasse para uma conferência um ideólogo do regime da Coreia do Norte.

By me

Palavras



Gosto de brincar com as palavras, pese embora não seja um linguista.
As origens, os significados, como são ou foram compostas…
Muitas são divertidas, considerando o múltiplo significado que se lhes podem atribuir. Por exemplo: prefixo “pan”, significando “todos” e a palavra “panqueca”.
Com outras palavras sou rigoroso, bem rigoroso. O “filmar” ou o “gravar” um vídeo, o “tirar” ou o “fazer” uma fotografia, a “máquina” ou a “câmara” fotográfica…
Outras há que são tão fortes, com significados tão profundos que, mesmo andando abastardadas como têm andado, evito usá-las. Corre-se o risco de serem mal interpretadas, transfigurando aquilo que são naquilo que o corriqueiro linguajar lhes atribui.
Nestes casos prefiro usar outros termos que, apesar de não fortes ou significantes, não estejam avacalhados e cujo significado se aproxima do real.
Exemplo: amar. Ama-se um prato de sopa, ama-se um modelo de telemóvel, ama-se um cantor ou um político… Eventualmente também se ama quem adormece e acorda connosco na cama. Prefiro eu usar outros verbos ou formas verbais que, mesmo que corrompidas à luz de um português correcto, levem quem pronuncia e quem ouve a uma interpretação inequívoca. Mesmo que privada.

Um exemplo? Não contem com isso, que essas são mesmo privadas!

By me

Tuuuuuuuuu



Esta fotografia tem já uns anitos. Feita numa época em que se podia perguntar a quem passava “Desculpe, onde posso encontrar uma cabine telefónica?”, e ter uma resposta fácil e para perto.
Hoje, no meu bairro ou em qualquer outro, obter-se-á uma resposta hesitante que, em a havendo, nos pode encaminhar para uma razoável distância.
Aqui no bairro, por exemplo, telefones públicos só na estação de caminho de ferro e numa única esquina, na avenida principal.
Alguns cafés ainda possuem, mas são cada vez menos.


Pergunta talvez estúpida: a que distância da porta de sua casa fica um telefone público? E a que distância haverá um, daqui por dez anos?

By me

quarta-feira, 8 de março de 2017

Calçada de Carriche



Porque hoje é hoje:

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.

Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.

Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.

Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.


“Calçada de Carriche”, António Gedeão

By me

Bolhas



Vivemos dentro das nossas bolhas, partilhando-as ou não com as bolhas do lado.
Quando acontece que, mais que se partilharem, se fundirem…

É por isso que as crianças tanto gostam de as fazer e ver.

By me

Café



O outro pedia um cavalo. Eu, mais modesto, fico-me por um café.


Um Café! Um café! O meu reino por um café!

By me

terça-feira, 7 de março de 2017

O cinzeiro



Há uns anos comprei este cinzeiro. Foi barato e veio de uma dessas lojas de inutilidades de que os centros comerciais estão cheios.
O que é interessante é que o comprei e usei que não para receber cinza ou pontas de cigarros.
Serviu, antes sim, e para além de objecto fotografado, como estimulador de memória. Que muitos não terão.
Em tempos, era eu catraio e ainda não fumava, este tipo de cinzeiro era símbolo de posição social e só os possuía em casa que estivesse num patamar médio ou elevado ou muito aspirasse a tal.
Tive um tio que muito aspirou a tal. E tinha um cinzeiro destes em casa.
Claro está que ele, o cinzeiro, estava interdito ao sobrinho, não fora ele estragar o dito cujo com o constante premir a haste e ver rodar o prato logo abaixo.
Mão vão lá dizer a um petiz que este tipo de coisas não são para brincar! Bastava ver pelas costas a minha tia e logo eu punha aquilo a rodar. E logo era descoberto, que o barulho que fazia era inconfundível.
Passado um meio século, ou quase, eis-me na posse de um cinzeiro destes. Recordo que quando o comprei parecia o petiz que fui e a fazer subir e descer a haste e a rodar o prato coma mesma fúria de então e com um secreto temor que minha tia surgisse ali na ombreira.
Agora, que já não fumo, mais não fará que estar por aqui a avivar-me a memória ou ir para uma das caixas de inutilidades que tenho até que seja necessário para uma fotografia ou quejando.
Mas confesso que há pouco, quando dei por ele e decidi fotografá-lo, não resisti a por aquilo a trabalhar. E deliciar-me com o que via e o som que ouvia.

Traquinices!

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Por ser hoje



Quando oiço gente a tentar puxar de galões, lá onde eu passo boa parte do tempo, fico sempre com vontade de perguntar sobre o até quando esses galões recuam.
E, se quiser ser mais incisivo, penso em compararmos quais desses galões ficaram na mente e na história dos “clientes”.
Mas depois…
Depois penso que não vivo para competir, que não quero “meças” em coisa nenhuma e que bem mais importante que aquilo que se fez é aquilo que ainda faremos, com que empenho e profundidade.
Que o passado só é importante para alicerçarmos o futuro.
Poderia deixar aqui aquilo que são testemunhos visuais desses tais galões que foram. De pouco adiantaria.

Fico-me a tentar imitar Diógenes, na sua busca de um homem honesto. Na forma e no conteúdo.

By me 

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O privilégio de ter trabalhado com os melhores não faz de mim bom.

Mas deixa-me inchado de orgulho!
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Amado Freitas



No início da TV, as imagens que se viam em casa tinham apenas duas origens: ou registadas, reveladas e exibidas em cinema ou em directo.
Noticiários, teatro, musicais (clássicos ou populares), conversas, eram em directo, que o registo magnético era ainda o futuro.
As automações não existiam e quem operava os equipamentos tinha uma margem de erro mínima, que o público daria pela coisa. Alguns ficavam aquém da margem de segurança, outros iam muito para além, entrando no campo da genialidade.
Acontecia em alguns musicais, ouvir-se o realizador dizer, pelo sistema de “ordens”: “Vai Freitas, vai! Este é todo teu!”
E ele ia! Em plano único, sentindo a música e as palavras, a câmara ia e vinha, da voz para os instrumentos e volta. Sempre com a mesma objectiva e ângulo de visão, que as zooms televisivas ainda não tinham chegado por cá.
O Amado Freitas e a câmara no tripé dançavam unos como nenhum outro, num tango de “nacional-cancenotismo” ou fado.

Quando entrei para a RTP, já ele não operava. Era realizador. Mas ainda o vi, agarrado aos equipamentos arcaicos do centro de formação, mostrando como se fazia. Único!

Hoje as coisas são diferentes. O espectador já não é levado a passear-se pela música e seus intérpretes. Aos saltos da montagem, com cortinas e Keys, a interpretação visual da música é tão ou mais agressiva que os noticiários ou entrevistas.
Fazem-se transmissões musicais pelo ritmo, esquecendo que também há melodia e harmonia. Tratam-se todos por igual, nas salas de edição. A criatividade fica ali, nos pontos de “in” e “out”, pelos menus importados e as transfigurações electrónicas.
E a virtuosidade de alguns, poucos, torna-se inútil porque não conforme com os cânones consumistas.
Não que em outros tempos é que fosse bom! Apenas que a quantidade submergiu a qualidade. Na produção e no consumo.

Televisivo ou não!

By me