sábado, 8 de outubro de 2016

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O carro era um Fiat 500C, descapotavel, azulinho, num estado impecavel. 
Mas o que fez me olhar para ele não foi isso. Foi o orgulhoso estacionamento num lugar reservado a portadores de deficiência.
Aproximei-me com calma, admirei a viatura e circundei-a, tentando encontrar algo que justificasse a ocupação do lugar. Coisa nenhuma.
Tinha comigo a reflex digital, que até dá vistas e montada nela uma objectiva antiga em teste. E tratei de fazer um "boneco". Do seu uso logo veria.
Ao entrar na loja de hambúrgueres em cujo soalheiro parqueamento estava o carro, sou abordado por uma mulher que me pergunta se fizera a foto por causa do lugar reservado, e que havia outro livre (Olhe: foi ocupado agora. Vá, vá lá também fotografar, vá!)
Só lhe perguntei se precisava do lugar, enquanto a olhava de alto a baixo e à alolescente já bem crescida, que nos olhava com ar evergonhado. E fui tratar da minha vida. No caso, do meu almoço.
Quando sairam veio ter comigo, em ar de desafio, perguntando-me se não iria fotografar o outro.
Dei-lhe as boas tardes e acrescentei:
"Que nunca precise!"
Saiu sem mais.
É tão lamentavelmente comum o tentar escamotear os erros próprios com os dos outros...
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