quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Um apontamento



Hegel considera a religião como “o poder de executar (e) validar os direitos que a razão outorgou”. Mas a ideia de Deus só pode conseguir um tal poder se a religião impregnar o espírito e os costumes de um povo, se ela estiver nas instituições do Estado e nas praxis da sociedade, se ela tornar o modo de pensar dos Homens, bem como dos seus motivos, sensíveis aos mandamentos da razão prática e lhos incutir na alma. Só como elemento da vida pública a religião pode conferir prática à razão. Hegel deixa-se inspirar por Rosseau quando estabelece três exigências à autêntica religião popular: “As suas doutrinas têm de fundamentar-se na razão universal. A fantasia, o coração e a sensibilidade não podem permanecer conceitos vazios. Ela tem que ser constituída de modo a que todas as necessidades da vida, as acções públicas do Estado, se inspirem nela.”

Por estranho que pareça, o texto acima não integra nenhuma dissertação sobre o ISIS ou Estado Islâmico.

Faz parte do livro “O discurso filosófico da modernidade”, de Jurgen Habermas e, neste caso específico, fala de Hegel e das suas teorias enquanto jovem na passagem do séc. XVIII para o XIX.

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