quinta-feira, 7 de julho de 2016

P'la minha janela



Estes horários malucos que tenho forçam a que, por vezes, tenha que tomar uma refeição sólida quando a maioria pensa em lanchar. Isto para não ir para a cama a fazer a digestão, que é sabido não dar bons sonos.
Pois estava eu a preparar a janta e sinto um movimento estranho lá em baixo, na praceta onde estacionam os carros. Senti-o pelo “rabo do olho” e voltei-me para prestar atenção, por entre a balaustrada da varanda e a roupa a secar.
Talvez que uma festa de fim de ano lectivo, ou aniversário ou quejando. Mas bem no meio do parqueamento, uma garotinha talvez ainda não tendo chegado aos dez anitos, rodopiava vestida de “princesa”: vestido comprido até aos pés, branco, mangas de balão, um colete amarelo-torrado brilhante, uma tiara na cabeça.
Não se ouvia música. Pelo menos eu não a ouvia, que ela parecia dançar ao som de uma qualquer valsa.
De súbito, entrou no meu campo de visão o eventual par. Talvez uns dois anos mais velho, e uma mão travessa bem medida mais alto, vestia calças justas elásticas verdes, um colete igualmente verde por sobre uma camisa branca com mangas de balão e, encimando a cabeça, um chapéu de um bico com uma pena de lado e tombando para trás. Pendurado do cinto, à esquerda, uma espada fina, tipo florete, pouco condizente em termos de época com o traje, mas nestas coisas isso do racord não conta.
Chegou-se à mocinha, falou com ela de perto não sei o quê, ela afastou-se uns bons cinco metros aos saltos qual cabra montês e regressou a ele. Deram as mãos e afastaram-se pela esquerda, saindo do meu campo de visão.

Até acabar de fazer e engolir o jantar não os voltei a ver.
Mas para a festa para onde terão ido cumpriram os estereótipos feminino e masculino, impostos pelos desenhos animados.

E iam felizes, ao que me pareceu.

By me 

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