quinta-feira, 28 de abril de 2016

Taxis e Uber



Tem sido notícia nos últimos dias e sê-lo-á certamente amanhã: a luta dos taxistas contra a empresa Uber.
De acordo com o que está previsto, a cidade de Lisboa ficará razoavelmente paralisada amanhã, devido a uma marcha lenta que se prevê vir a ter mais de 4000 taxis.
A questão que é posta é a eventual não legalidade do serviço, os preços praticados, os impostos pagos ou não…

Sobre isso, gostaria de aqui deixar três ou quatro pontos para que sejam considerados pelos cidadãos em geral:
1 – Sabia que pelo mesmo serviço de transporte de táxi pode ter que pagar quantias diferentes? Legalmente!
A coisa funciona da seguinte forma: existem táxis, em tudo semelhantes a qualquer um tanto na cor como no aparente tamanho, que podem transportar seis passageiros no lugar dos habituais quatro. Por terem essa capacidade acrescida o serviço é 20% mais caro. Não importando a quantidade de pessoas transportadas. É mais caro em qualquer circunstância, que o taxímetro está assim calibrado.
Estes carros têm dois avisos nos vidros: um no da frente, outro atrás, junto à porta. Mas a distância a que se encontra este último, por vezes em vidros fumados, impede que seja lido. E quem olha para o que está afixado junto ao dístico do seguro e da inspecção obrigatória?
Qualquer um entra num destes táxis numa praça, ou mandando-o para numa rua, sem se aperceber que irá pagar mais caro só porque tem mais dois lugares. Mesmo que esteja sozinho.
2 – Nos concelhos limítrofes a Lisboa existem táxis descaracterizados. Quer isto dizer que não têm cor padrão, sendo em geral pretos, não possuem a lanterna de táxi no tejadilho e que o próprio taxímetro está escamoteado no porta-luvas. A única indicação, obrigatória, é um pequeno dístico azul junto à matrícula, contendo a letra “T”.
Até aqui nada de especial.
O que torna a coisa menos transparente é que estes carros cobram sempre o preço nocturno (ou de feriado ou fim de semana) mesmo que seja de dia e em dia útil. Sem nenhum aviso ou sinalética especial.
Para piorar as coisas, estes táxis param nas praças de táxis tal como qualquer outro e alguém menos atento embarca num pensando que se trata de um táxi normal. Com preços normais.
3 – Para evitar os clássicos abusos por parte de alguns taxistas pouco honestos, o turismo de Lisboa criou o “Táxi voucher”.
Este sistema permite que o passageiro, à chegada ao aeroporto, compre a viagem antecipadamente. Com o papel na mão, será só embarcar num táxi que possua o dístico de aderente ao serviço e, no final, entregar o voucher. Tudo simples e claro.
Acontece, porém, que os preços são calculados por coroas circulares, centradas no ponto de embarque. Ou seja, o preço é igual para um ponto próximo e para um ponto distante, desde que dentro dessa coroa. Sendo certo que não acredito que se perca dinheiro ao cobrar para o ponto distante, será particularmente caro se o destino for num ponto próximo.
A título de exemplo, posso afirmar que do aeroporto a minha casa um taxímetro marcará qualquer coisa como 25 euros. Com o Táxi Voucher custará, de acordo com a tabela, 53.40 euros.

A estes três pontos, todos referentes a questões absolutamente legais e tabeladas, acrescenta-se, por exemplo, a pressão que tem sido feita para criar uma taxa de aeroporto. Por outras palavras, quem chegar a Lisboa e quiser usar um dos táxis ali parados pagará uma taxa adicional.
A argumentação por parte dos industriais de táxi é que isto já sucede nas demais capitais europeias.
Aquilo que eles não contam é que nessas capitais o aeroporto é fora da cidade, a alguns quilómetros, enquanto que por cá está dentro do perímetro urbano, servido por metro e autocarros, os mesmos que levam as crianças à escola ou alguém a um centro de saúde ou biblioteca.



Quando os taxistas quiserem entrar em guerras por causa de eventuais serviços de concorrência desleal, faria sentido que olhassem primeiro para o próprio umbigo e constatassem as imoralidades que, legalmente, cometem.

By me 

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