sábado, 23 de abril de 2016

Liberdade e coerência



Se a memória me não falha, este cravo, junto com mais cinco, terão sido as únicas flores que comprei nos últimos 20 ou 25 anos.
Comprei-os por junto, para esta e outras fotografias alusivas à revolução, há uns anos. E, juro, doeu-me tê-las comprado, por muito nobre que pudesse ter sido o objectivo.
Que ao comprar cravos (ou rosas, ou malmequeres ou qualquer outras) estou a comprar corpos mortos. Estou a incentivar a morte de seres vivos para meu deleite visual ou fotográfico. Eventualmente olfactivo.
Não se trata da sobrevivência do indivíduo ou da espécie, não se trata de matar para comer. Trata-se de matar para ter prazer.
Não eu!
E esta foi a excepção!

E é tanto mais absurdo o uso de um cravo quanto o seu espírito se esvai, como areia pelos dedos. Cada vez mais o sistema tenta apagar os vestígios dos espíritos revolucionários, mantendo apenas uma evocação de algo cada vez mais distante.
Que a revolução, aquela coisa que se constrói todos os dias um pouco mais, à margem de regras, conceitos e, acima de tudo, de classes dirigentes, é o maior veneno que o sistema (qualquer um) conhece e que há que evitar a todo o custo.
Os revolucionários, esses, têm que ser abatidos ou encerrados algures para que não façam estragos.


By me

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