domingo, 24 de abril de 2016

Fotografia e fé



Se eu não estivesse a trabalhar, amanhã estaria na avenida, a celebrar e a fotografar as celebrações de Abril.
O tempo parece estar de feição, luz e temperatura, e eu deixar-me-ia levar pelo entusiasmo, reflectindo isso mesmo nas fotografias com que regressasse a casa.
Mas também regressaria com a frustração a que já me vou habituando:
Sabemos celebrar, com festas, faixas, cores e flores, mas nada mais!
O quotidiano continua a evoluir ao ritmo do que as classes dirigentes querem, não tanto o que o povo quer. E a Revolução foi do Povo. Também.
Mas também é do Povo a atitude de relaxe, de só fazer algo por si e pelos seus em ultimo recurso, esperando sempre que algo ou alguém resolva os seus próprios problemas.
As celebrações de Abril, hoje, mais que actos políticos, são actos de fé.
Acredita-se numa revolução que foi, tal como se acredita num paraíso que será.
Não vejo, não sei, não conheço gente suficiente que faça por manter a revolução em marcha, para defender todos os dias o conquistado e ir mais além, para garantir que Abril de ’74 não se limita hoje a um desfile e fim de semana prolongado.

Quando uma revolução já mais não é que um feriado e um desfile, fotografá-la é quase o mesmo que fotografar 13 de Maio em Fátima.  


By me

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