sábado, 13 de fevereiro de 2016

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A história já leva uns anos e vou tentar encurtá-la.
Havia uma família vizinha a quem eu já tinha prestado assistência de computadores, reparando aquele que as suas filhas usavam para os estudos.
Uma ocasião encontrámo-nos no café, eu e ele, e conta-me que o computador tinha tido uma avaria de fundo e que não tinha meios para o reparar. O grave é que fazia falta, muita, para o curso de uma das filhas.
Ofereci-me para lhe emprestar um, meio velhote, que aqui tinha encostado e fora de uso. Ainda que ultrapassado, serviria para as filhas usarem até à reparação do deles, coisa que eu não podia fazer.
E assim aconteceu, mas só em parte.
Passados quase seis meses, nem uma palavra dele sobre o caso. Nem se estaria para breve, nem a perguntar-me se poderia ir ficando com o que lá tinha, nem a agradecer…Chegava ao ponto de atravessar a rua para o outro lado quando me via.
A coisa já me estava a incomodar. E, em desabafando com um colega, deu-me ele a solução.
Uns dias depois, em calhando nos encontrarmos no café, perguntei-lhe pela data de aniversário de uma das filhas e disse-lhe que o computador que lá tinha era oferta minha pelos anos.
Assim, mais que ele se apropriar de algo meu, ofereci-lho eu. Na prática era a mesma coisa, mas eu sentia-me menos parvo naquela história.
Nunca ouvi um obrigado. Nem dele nem das filhas.

Mas também nunca me arrependi de o ter feito. Nem um nico.
Mais: ao logo dos tempo tenho é tido pena de não ter mais computadores de sobra para com eles ajudar quem deles necessita de facto.

Manias minhas, que me fazem poder olhar o espelho e não ter vergonha do que lá vejo.

By me

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