domingo, 31 de janeiro de 2016

Desabafo



Não estando muito inspirado esta manhã para algo de novo, fui dar uma olhada no arquivo. E fui dar comigo a ler um texto, que abaixo transcrevo, de 2009.
Fiquei curioso sobre se o que me levou a pensar e escrever então se manteria hoje, pelo que fui em busca da pessoa em causa nas redes sociais.
Por aquilo que vi, continua ele a escrever e a fotografar da mesma forma. E, presumo, a pensar e agir de igual modo.
O texto de então continua válido hoje. Tal como continua válido o meu principio ético de não o nomear.

“Tenho para mim que é da variedade de opiniões que o conhecimento evolui. Tanto com opiniões concordantes como, e principalmente, com opiniões discordantes. Que será de conhecermos o que pensa quem de nós discorda -ou aqueles de quem discordamos – que podemos ter acesso a outras formas de pensar.
Por isto mesmo, tenho o hábito de ir dar uma olhada a espaços virtuais – blogs – de gente com quem não partilho boa parte daquilo que lá exprimem. E se, em regra, fecho essas páginas com a mesma opinião com que as abri, volta e meia tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer que alguns dos pontos de vista ali lidos até têm algum fundamento. Mesmo que com eles possa não concordar. E fico bem mais rico no que sei ou julgo saber.

Tem sido o caso do blog de alguém que está ligado ao mundo do fotojornalismo. Não apenas exerce o ofício numa empresa de comunicação social de relevo neste país, aí ocupando um lugar de destaque, como emite opiniões sobre esse mesmo mundo da fotografia.
As mais das vezes não consigo concordar com o que lá é exposto. Tanto sobre fotografia como sobre a sociedade. Tem o seu autor uma visão diametralmente oposta à minha, o que lhe é legítimo e salutar. E nem sempre gosto das fotografias que expõe, tanto na web como em galerias, que já tive a oportunidade de as ver ao vivo e a cores.
No entanto, lá calha ter que concordar com alguns pontos de vista. E algumas das fotografias até que são mesmo do meu agrado.

Acontece que publicou ele um trabalho no seu blog que entendi que deveria ser objecto de comentário meu. Assinado com a minha identificação de um dos blogs que subscrevo. Nesse meu comentário, e tão fundamentadas quanto o possível num comentário a um post, exprimi o que entendia ser errado, bem errado, no trabalho em causa. Não referi questões estéticas ou técnicas, mas antes as vertentes éticas ou deontológicas que ali estavam manifestas. Ou melhor, à sua falta no trabalho.

Foi com alguma surpresa, ou talvez não, que passadas umas horas constatei que a pessoa em questão tinha ficado aborrecida para além do aceitável com o que eu havia escrito e ali publicado como comentário ao trabalho. A ponto de ter decidido apaga-lo e de passar a tê-los (aos comentários) objecto de análise prévia da sua parte. E disso fazer alarde num post.
Incomoda-me ver esta atitude da parte de alguém que faz da informação o seu ofício, a par com o ensino da mesma e que, ainda por cima, expõe e se expõe num blog.
É que, e do meu ponto de vista, o que foi por ele feito foi apenas um acto de censura, pura e dura. Não gostou e apagou. Ponto. E impede que ali fiquem quaisquer outros comentários de que não goste. Ponto.
Será esse um seu direito, até porque o servidor de blog o permite. Mas é pouco consentâneo com um profissional da informação, o acto de censurar. Um pouco pior em tratando-se de alguém que, na empresa onde trabalha, exerce um cargo decisório sobre os trabalhos de outros. E, pior ainda, alguém que usa o que sabe e pensa para o transmitir a outros, bem mais novos e que querem com ele aprender do ofício. Espero, neste último caso, que os seus alunos entendam que o professor que têm defende e pratica a censura sem pudor.

Pela parte que me toca, a solução até que é fácil:
Entendo que não quero mais visitar um espaço que assim trata os seus visitantes, pelo que lá não voltarei. Apaguei mesmo o link ao seu espaço que aqui tinha. No fim de contas, eu até nem concordo com a maioria dos seus pontos de vista.
Mas, pela parte que nos toca a todos, saber que esta pessoa tem um papel de relevo num periódico de grande tiragem e impacto em Portugal, incomoda-me de sobre maneira.

Não tenciono deixar aqui o nome desse fotógrafo, nem o nome do seu blog, nem mesmo o nome do jornal para que trabalha. Eu sei de quem estou a falar, o próprio também o sabe e sabe quem eu sou. E não creio que venha ler estas linhas. E, se vier, saberá o que penso, que destas linhas lá não deixo cópia.
Quanto a todos os restantes jornalistas e fotojornalistas deste país, estou em crer que não fariam um acto destes, pelo que não os incluo neste julgamento francamente pouco abonatório que desta pessoa faço.

Entenda-se que todo este discurso é um desabafo. Entenda-se também que não tenciono apagar nenhum comentário que, por mero acaso, aqui venha cair, venha de onde vier, contenha o que contiver. Que eu da censura já tive a minha boa dose, antes e depois de Abril.”


Nota adicional: a pessoa em causa continua a leccionar hoje, em 2016, o que é notoriamente perigoso!

By me

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