domingo, 6 de dezembro de 2015

"Um Boss do caraças!"



A questão surgiu no Facebook.
Alguém publicou esta fotografia, sem mais comentários ou legendas.
E outro alguém comentou “Brutal! De quem é isto?”
Confesso que também fiquei parado a olhar para ela, que me enchia a alma. E, de algum modo, a imagem era-me familiar.
Pus-me em campo procurando a autoria e não foi difícil:
Bruce Davidson, Walles, 1965.
Passei a informação e como resposta li:
“Esse Bruce Davidson é um boss do caraças.”
Não me contive e acrescentei:
“É! Andamos tão habituados com a mediocridade do FB, que quando vemos o trabalho de um mestre ficamos de boca aberta.”

A coisa ficou por aqui mas não tinha nascido aqui.
O sentimento é antigo e frustrante.
Quando olhamos para o publicado nas redes sociais, tenham o nome que tiverem, e vamos passando as fotografias – uma e outra e outra e outra e outra… - a sensação que se tem é que foram feitas pela mesma pessoa. Ou, pelo menos, que foram feitas por diversas pessoas que frequentaram a mesma escola fotográfica, viram os mesmos livros, visitaram as mesmas exposições, usam os mesmos processos de tratamento e, quiçá, fotografaram nos mesmos locais.
Que as imagens pecam pela falta de originalidade, pela uniformidade de abordagens técnicas e estéticas, por uma coesão de olhar fotográfico de tal modo grande, que qualquer coisa que seja um nico diferente salta logo à vista.
A questão não está em se as imagens publicadas são boas ou más. Isso daria para muitas discussões, talvez mesmo fúteis, sobre o que é qualidade fotográfica.
Refiro-me a que toda a gente copia toda a gente!
Não no sentido de plágio ou de roubo, mas antes no de falta de originalidade, falta de olhar pessoal, falta de aplicar a alma do fotógrafo naquilo que está a fazer ou mostrar.
É difícil encontrar, na enormidade de imagens fotográficas que são publicadas, algo que se evidencie. Pelo conteúdo, pela forma, pela mensagem, pela alma. Mais ainda: é difícil encontrar, mesmo que em “locais restritos” como grupos ou páginas pessoais, imagens que se possam dizer “esta aqui é de Fulano, aquela ali é de Cicrana”.

Caramba! Fotografem como vos apetece, o que vos apetece, quando vos apetece, onde vos apetece e porque vos apetece.
Que o que importa é a satisfação que encontramos naquilo que fazemos.
Mas abram o horizonte fotográfico!
Procurem outros autores, outras épocas, outros locais, outras técnicas, outras abordagens. Procurem outras referências visuais nos livros, nas revistas, nas exposições, mesmo nas páginas web.
Façam uma mistura de cultura visual e encontrem o vosso próprio caminho!
Fotografar é fácil! Basta carregar no botão e alguma coisa acontece.

Agora fazer uma fotografia…

By me 

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