domingo, 16 de agosto de 2015

Um olhar- Maria q'Arruma



Não me importo com o que faz na vida: arrumar carros, camiões ou petroleiros.
Ainda que nem sempre se enquadrem na categoria de “esteticamente perfeitos”, desde que me cativem e eu tenha oportunidade, fotografo-os.
Mesmo que seja em troca de um pedido de cigarro ou que tenha que ser a correr, que o companheiro, que está lá ao fundo, pode não gostar.
Depois… Depois vem a pergunta sacramental: “Mas porque é que quer fotografar os meus olhos?”, ao que respondo, sempre sem mentir: “Porque gosto de fotografar coisas bonitas e os seus olhos são muito bonitos.”
O sorriso, ainda que desdentado e encimando uma barriga publicitariamente destapada e já notoriamente grande, foi genuíno. Breve mas genuíno!
Por uns momentos Maria q’Arruma voltou a ser Maria Bonita. E a carícia que fez no seu ventre repôs os dentes em falta, limpou-lhe as roupas, penteou-lhe os cabelos.
Depois… Depois veio um cliente e ela correu como pôde, que há que estar por perto ou não há moedinha.


(As mais das vezes, a importância de uma fotografia não está no seu resultado plástico, mas no facto de ter acontecido.)

By me

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