quinta-feira, 30 de julho de 2015

Oh Evaristo



Não vi o filme. E é natural, já que estreou agora.
Mas não sei se o quero ver. Honestamente.
Que há dois ou três aspectos que me incomodam, mesmo antes de ter uma opinião formada sobre o que foi feito e como.
Por um lado, a minha própria experiência.
São raros os filmes, ou outro tipo de obras, que resultam em algo de realmente bom aquando do remake.
Uma obra original – cinema, música, literatura, fotografia – se for boa tem toda uma coesão, uma linha evolutiva, um fio condutor formal e estético que a tornam única. O seu autor (mesmo que uma equipa) ponderou as diversas variáveis e optaram por aquela final porque era a que mais se adequava à ideia.
Um remake, querendo seguir um trabalho original mas querendo fazer coisa nova, acaba por transformar o original em diferente, assemelhando-se ao que foi feito, talvez que melhorando alguns aspectos, mas ficando aquém da unidade e qualidade daquilo que estão a imitar.
Posso citar os dois únicos exemplos que conheço, no campo do cinema, que me convenceram. O remake é tão bom quanto o original.
“A janela indiscreta”, filme original de Alfred Hitchcock, de 1954, cujo remake teve o título de “Testemunha de um crime” e foi realizado por Brian de Palma em 1984.
“Doze homens em fúria”, feito por Sidney Lumet em 1957 e “Doze homens em conflito”, realizado por Artur Ramos, numa adaptação televisiva portuguesa, em 1973.
Confesso que todos os demais remakes que vi (talvez falha minha) ficaram muito aquém das expectativas.
Por fim, e isto já é uma questão muito pessoal, incomoda-me a necessidade de tanta publicidade. Jornais, televisões, cartazes de rua… tudo quanto é coisa fala neste novo filme. Nalguns casos, com direito a “prime time” em noticiários ou capa de jornal diário.
O investimento em publicidade deste novo filme recorda-me a publicidade a novos produtos de higiene, doméstica ou pessoal, em que muda o aroma ou é acrescentado um novo ingrediente com um nome estranho. Na prática, é a mesma coisa, se o for, apenas com nova embalagem e nome, vindo da mesma fábrica. E se precisa de tanta publicidade comercial…


Não vi o filme. Não creio que o vá ver.

By me 

Sem comentários: