segunda-feira, 18 de maio de 2015

A Linhoff, o cartão e a patrulha






A história tem quase três decénios.

Decidi eu, uma ocasião, fazer umas fotografias nocturnas na Av. Defensores de Chaves, em Lisboa. Já por lá havia passado e tinha gostado da luz nas fachadas e nas árvores.

Depois de uma visita técnica para decidir o local e condições, fui, equipado com a minha Linhoff Tecnika 70.

Estava eu com a tralha montada na faixa central de estacionamento, entretido com a minha vida, quando surge um carro patrulha. Vinha rápido, parou do mesmo modo e os agentes saltaram com igual velocidade.

Dirigiram-se a mim e questionaram a minha presença, pedindo-me a identificação e demais mimos normais em tais situações. Azar o meu, um dos primeiros cartões que sai da minha carteira é o profissional que, gostemos ou não, abre muitas portas.

Depois de o verem os ânimos acalmaram e pouca atenção deram aos demais que lhes passei para mão: BI, Segurança Social, Sindicato, Fiscal, Bombeiros, passe e o que mais por ali tinha.

Questionei-os sobre o que os havia ali levado para me interrogarem e assim tratarem e recebi desculpas esfarrapadas, entre as quais uma eventual denúncia sobre o haver ali alguém a “filmar” (a câmara é grande e pouco discreta).

Acabaram por se irem embora, depois de me dizerem que estava tudo bem e que não havia nenhum problema. E eu acabei o que queria fazer.

No regresso ao Campo Pequeno com a mala às costas e tripé debaixo do braço, onde haveria de apanhar um transporte para casa, é que percebi o que efectivamente tinha acontecido.

Os “piropos” com que fui mimoseado, por elas e por eles, fizeram-me saber que a minha presença espantava a clientela das prostitutas que ali trabalhavam e os proxenetas haviam chamado a patrulha. Que compareceu.



Ainda hoje estou para saber o que me aconteceria se não tivesse tido aquele cartão e aquela atitude para com aqueles dois agentes que, pese embora não me tivessem agredido, de cordatos ou cordiais nada tiveram.

No entanto, e tal como já disse, o episódio tem quase trinta anos. E a floresta não pode ser tomada pela maçã. 

By me

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