quinta-feira, 16 de abril de 2015

Teleobjectiva versus Focal Longa





Um pouco daquela teoria chata que “não serve a ninguém”, mas que explica algumas coisas.



Olhando para o diagrama A vemos aquilo que eventualmente aprendemos na escola e eventualmente nos lembramos:

A distância focal de um sistema óptico é a que medeia entre o seu centro e o alvo quando o assunto está focado e se encontra no infinito.

Tratando-se de um sistema simples – uma lente convergente simétrica ou lupa – o seu centro óptico está geralmente bem no seu centro. E a imagem que produz, se bem se recordam, é real, invertida e menor que o objecto.

No caso deste diagrama A, consideramos uma lente positiva simples com uma distância focal de 50mm.

Considerando o diagrama B, mostra-nos ele um sistema óptico complexo, composto de várias lentes positivas e negativas, um tubo de sustentação, um regulador de feixe luminoso (diafragma) e o respectivo centro óptico.

O conjunto tem uma distância focal de 100mm e, não o supondo simétrico, o seu centro óptico não está rigorosamente no centro do conjunto.

Considerando o diagrama C, temos um sistema óptico complexo, composto de várias lentes positivas e negativas, um tubo de sustentação, um regulador de feixe luminoso (diafragma) e o respectivo centro óptico. O conjunto tem uma distância focal de 100mm.

Mas o seu centro óptico encontra-se fora do conjunto, do tubo inclusive.

No entanto, as diferenças não se prendem apenas com a posição do centro óptico em relação ao conjunto físico de lentes, tubo e diafragma. Todo o conjunto físico encontra-se no diagrama C bem mais perto do alvo (película, sensor) que no diagrama B.

Os nomes respectivos estão escritos: Focal Longa e Teleobjectiva.



Pese embora os esquemas não estarem rigorosos nas respectivas proporções, certo é que estas diferenças explicam o porquê dos tamanhos e funcionamentos das nossas ferramentas: as objectivas.

Se tiverem uma objectiva potente, digamos que uma 300mm, constatarão sem grande dificuldade que terá menos que 300 milímetros de comprido. E que mesmo que instalada na câmara, e considerando a sua espessura, o conjunto desde o elemento frontal da objectiva até ao plano do sensor (as câmaras mais a sério indicam-no) é menor que a distância focal do conjunto.

Trata-se, assim, de uma teleobjectiva.

O inverso é igualmente verdade.

Se observarem as câmaras reflex que possuem, irão reparar que o próprio corpo, desde o plano do sensor até à montagem da objectiva é mais comprido que, digamos, 18mm, que é uma distância focal comum em câmaras APS-C.

O tipo de construção é semelhante a uma teleobjectiva mas invertido, ou seja: o centro óptico do conjunto encontra-se mas atrás que o elemento traseiro da objectiva.  

Dá-se o nome a este tipo de construção de “teleobjectiva invertida” ou “retrofocus”.

Este tipo de construção de objectivas torna-se particularmente importante já que se assim não fosse, para distâncias focais curtas não haveria espaço dentro da câmara para o movimento do espelho.



É este tipo de informação importante?

Nos dias que correm nem tanto. Não creio que se fabriquem grande-angulares que não sejam retrofocus tal como não creio que se fabriquem objectivas de grande potência que não sejam teleobjectivas. As actuais técnicas de construção dos elementos das objectivas (características de refracção dos diversos elementos bem os rigores das curvaturas) tornaram tudo muito mais simples.



Vem tudo isto a propósito de me ter chegado às mãos uma Focal Longa. Realmente longa.

Por aquilo que andei a ver aqui e ali, há mesmo quem lhe chame “a besta”.

Trata-se de uma Takumar 500mm f/4,5, construída nos finais dos anos ’60.

Posso-vos garantir que a alcunha não destoa em nada do objecto.

Em tendo oportunidade, mostrarei por aqui a dita, bem como uma sua irmã que por cá tenho faz uns anitos valentes: uma Novoflex 600 f/8, da mesma época. Bem como imagens por elas produzidas. 

By me

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