quarta-feira, 22 de abril de 2015

Cultu-quê?





Tropeço num vídeo, produzido por uma revista semanal portuguesa.
Nele, alguns jovens em idade universitária, são alvo de perguntas de cultura geral, sobre personagens e acontecimentos. Uns sobre cultura, outros sobre política.
O resultado é uma lástima hilariante. Que as respostas, demonstrando uma ignorância pungente, fazem-nos rir. No entanto…
No entanto há que perceber que esta reportagem tinha um objectivo: mostrar-nos isto mesmo. É muito provável que tivessem feito perguntas a mais pessoas e que não tivessem tido respostas como estas. E nós comemos o que nos põe no prato e ponto final.

Ainda dentro desta mesma linha, um outra história, esta dramática:
Uma senhora que conheci candidatou-se a uma outra categoria profissional na empresa onde trabalhava. Tendo passado na primeira fase – avaliação curricular – foi reprovada numa prova escrita. Cultura geral.
Reclamou ela do resultado, alegando que nenhuma das perguntas da prova constava do livro de cultura geral que havia comprado e estudado.
(Isto não é anedota, é bem real!)

Faz sentido, tanto a primeira como a segunda parte deste texto!
A culpa do que relatei não é de nenhum dos intervenientes mas nossa. Do sistema em que vivemos e que alimentamos.
Nos tempos que correm, tanto o sistema de ensino como a vida profissional tornaram-se estanques, autónomos, com exigências específicas sobre conteúdos e desempenhos, deixando de parte tudo o resto. E a cultura geral faz parte de tudo o resto.
Os jovens hoje, na competição desenfreada por uma vaga numa universidade ou um emprego à saída dela, concentram-se em aprender o que os professores lhes dizem que têm que saber. Ponto final.
E não sei de uma disciplina ou cadeira que envolva seriamente, o aprender o que consta nos jornais, o que é exibido nos museus, o que está disponível nas bibliotecas. Reais e em papel ou virtuais e na net.

Mandasse eu alguma coisa e seria aprendizagem obrigatória, a partir dos, digamos, dez anos e até ao fim do percurso escolar, o saber ler um jornal, o saber colocar em causa a informação recebida, o saber questionar e confirmar.
Mas, e nos tempos que correm, não se pretende gente culta. Isso é um perigo, já que podem pensar.
O objectivo é igualar o inigualável Chaplin o seu “tempos modernos”. Nada mais! 

By me

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