terça-feira, 14 de abril de 2015

A minha rua





Prólogo
É uma daquelas perguntas que faço quando me dizem que querem aprender fotografia para correr mundo e fotografarem outras culturas e lugares:
“Boa! Mas diz-me: De que cor é o prédio em frente ao teu?”
Vezes demais ficam a olhar para mim, sem saber que responder.

I
Na minha rua há um café que frequento.
Tal como na maioria dos cafés de bairro, assim como mercearias, padarias e equivalentes, ali sabe-se de quase tudo sobre a vida de quase todos.
Um destes dias questionei quem está ao balcão sobre um vizinho. Mora ele uns prédios acima do meu e costumava encontrar-me com ele ali mesmo, no café. Ele e os dois filhos. E faz tempo que os não vejo.
Disseram-me que estava preso, condenado por violência doméstica e que a esposa e os filhos já ali não viviam.
Pensando no caso não me surpreende muito, considerando o ofício que tinha e a forma como se relacionava com os miúdos ali em público.

II
Na minha rua há muitos casais. De todas as idades e origens.
Um há que já vivia no meu prédio quando para cá me mudei. Mais velhos que eu, tentaram um negócio no bairro que, infelizmente e como muitos outros, deu com os burrinhos na água.
É uma alegria vê-los na rua. A caminho do café ou com qualquer outro destino. Andam sempre de mãos dadas, seja qual for a hora e as condições atmosféricas.
Não são de muitas conversas, nem entre eles nem com os demais, mas aquela relação é sólida e sorridente.

Epílogo
E pergunto-lhe, a si que gosta de fotografar:
“De que cor é o prédio em frente do seu?”

By me

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