quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Loucuras



Enquanto esperávamos pelo comboio, do cais oposto chegou-nos um som invulgar. Canto, acompanhado de palmas.
Muito naturalmente, quase todos nós olhámos, tentando perceber quem e porquê assim celebrava.
Sentado num banco, lá na ponta do cais, uma figura típica da zona cantava, alto, batia palmas e abanava o corpo em concordância.
Na maioria dos presentes surgiu um sorriso, alguns mesmo riso, acompanhados de comentários. Com conhecidos ou desconhecidos.
Eram todos jocosos, depreciando aquele que, assim solitário, cantava e demonstrava a sua satisfação, sem motivo aparente.
A uma ouvi “Coitado. É maluquinho…”

Malucos somos nós!
Com os nossos tabus, regras e imposições, somos incapazes de manifestar os nossos sentimentos senão nos locais e horas apropriadas. Regrados, balizados, fiscalizados, normalizados.

Felizes aqueles que, para além de regras e convenções, celebram a sua alegria. Como e onde a sentem.

By me 

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