quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Superlux



Mão amiga fez chegar à minha este aparelho.
Trata-se de fotómetro (em boa verdade é um exposímetro, já que não indica candelas por pé quadrado mas tão só permite calcular a exposição em função da luz existente.
A sua marca é “Superlux”, tendo atrás a referencia adicional “Edla”.
Nunca tinha eu visto ou lido sobre este aparelho, que se encontra num estado quase perfeito. Uma análise mais atenta informa-nos que já aconteceu uma tentativa de abertura, já que lhe falta um parafuso minúsculo. Talvez que procurando colocá-lo em funcionamento, o que seria impossível. O seu sistema de reacção à luz é antigo e a célula tem uma capacidade limite, naturalmente já extinta.
E este “naturalmente” advém deter sido fabricado nos anos trinta do séc. XX. Por aquilo que consegui apurar, foi fabricado na Hungria, tendo a Kodak usado a patente e o mesmo modelo sob o nome de “Kodalux”.
Acrescente-se que este aparelho possui uma característica invulgar para a época: permite medir a luz (ou calcular a exposição) num ângulo muito restrito (oito graus, pelas minhas contas) usando um sistema muito simples de favo-de-abelha no seu interior. Com o adicional depossuir um sistema de mira, permitindo-nos saber que zona em frente de nós estaria a ser medida. Engenhoso e funcional.
Claro está que ter este aparelho arcaico e bonito (muito bonito) nas mãos me levou a partilhar a sua existência com diversas pessoas, em particular quem está ligado ao uso da luz no seu ofício. Que desencanto!
A maioria dessas pessoas pouca importância lhe atribuiu. Nem à sua beleza, nem à sua antiguidade e menos ainda à forma original de funcionamento. Para essas pessoas, o mais importante no que toca a equipamentos é a modernidade, a novidade, o último grito. O que passado, mesmo que já tenha sido o último grito, é passado e pouco importa. Mesmo que de ontem.
Quem deu mais valor ao aparelho, enquanto ferramenta e enquanto objecto, foram pessoas que pouco se relacionam com o ver, analisar e captar luz. Entenderam estas pessoas o “valor” histórico, a raridade do seu funcionamento e ficaram solidariamente satisfeitas comigo por ele ter sobrevivido à voragem do tempo.

Fica um aviso a todos aqueles para quem o último grito da tecnologia é o mais importante:

Todos esses “últimos” em breve, muito breve, serão passado e arcaico. E quem não souber dar valor ao que fomos, às raízes do que somos, dificilmente será um bom utilizador da modernidade. Mais não será que um consumidor compulsivo daquilo que os fabricantes colocarem no mercado, correndo ao ritmo das vendas e dos lucros.

By m

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