domingo, 18 de maio de 2014

Audiovisual



Eu sei que sou um fala-barato, tagarela, “bavardeur” em francês.
O que significa que estou mais que habituado a falar e a fazer chegar a minha voz a quem tem o azar de me escutar.
Por isso mesmo fiquei espantado quando, hoje de manhã, tive que falar mais alto ao pedir um clássico “bica cheia e pastel de nata” num café junto à estação, a caminho do trabalho.
Não tenho por hábito lá ir. Prefiro o da minha rua ou, em alternativa, um outro a meio caminho. Mas sendo domingo e já não tendo saído com grande margem de manobra, não apenas o ao pé de casa não convinha como o outro está fechado. Usei o plano C.
Logo à entrada me senti incomodado, como de costume. O televisor sintonizado num canal de música emitia-a com o volume demasiado alto para que pudéssemos falar com os nossos botões. Quase aos berros, em boa verdade.
E a mocinha que me atendeu não me ouviu. Não que tivesse eu falado baixo, que estava mesmo à minha frente do outro lado do balcão, mas porque já está ensurdecida do que ouve por rotina. Suponho que quando ali não está usará do mesmo volume, já que entre o servir-me e o vir cobrar-me foi usar do seu “stupid phone” quase encostada ao maldito aparelho mais sonoro que visual.
Não creio que ela, tal como tantos outros da sua idade, se aperceba dos danos que vão provocando ao seu sistema auditivo ao usarem de som em tamanho volume. E, o que é tão ou mais grave, de que forma vão perdendo sensibilidade a certas frequências (ou sons) deixando de as ouvir ou desfrutar.

Fica o recado para aqueles que ainda têm a escuta (ou a visão ou o paladar ou o olfacto) por destruir: cuidem deles, que quem fez esses não fará outros. E não adianta fazer reset ao sistema!

By me

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