quarta-feira, 12 de março de 2014

Efeméride



No dia de hoje celebram-se um sem número de nascimentos. Tal como de falecimentos.
Datas importantes para os próprios e respectivas famílias.
Tal como nem sei quantos outros eventos importantes. Imaginem, por exemplo, quantas declarações de amor terão sido feitas, neste mesmo dia do ano desde, suponhamos, o início deste século.
No entanto, e para além de todas estas eventuais celebrações, algumas há que são transversais a povos inteiros.
E os media falaram disso, com mais ou menos intensidade.
O atentado de Atocha, em Madrid, é uma delas. O desastre de Fukushima é outra.
Qualquer uma delas é importante a seu modo ainda hoje, apesar de terem, respectivamente, 10 e 3 anos.
Do desastre japonês sabemos que a radiação daí proveniente ainda não terminou, que a nuvem radioactiva, bem como a maré radioactiva, se vai deslocando pelo pacífico e pelo interior do continente asiático. Com as consequências que não querem que saibamos por completo mas que existem.
Do atentado espanhol, e para além das mortes trágicas, marcou o início de uma época. Foi dias depois dela que aconteceu a primeira manifestação popular convocada por telemóvel e SMS, à margem de organizações partidárias e/ou sindicais.
De então para cá já não há capacidade de contar quantas assim surgiram, incluindo as convocadas nas redes sociais. A primavera Árabe é um bom exemplo, nos acontecimentos e nas restrições governamentais às redes de net e telemóveis. Mas a de Madrid foi a primeira.
Falaram os media dos atentados e das tragédias, deixaram de parte a questão “subversiva” de os povos se manifestarem à margem das das contestações convencionais.
Tal como os media portugueses foram unânimes no silêncio sobre o que se comemora em Portugal nesta data: 11 de Março.
Não importa se se está de acordo ou contra o que sucedeu nesse dia de 1975, bem como o “verão quente” que se lhe seguiu.
Importa, antes sim, assumirmos que esses acontecimentos marcaram a história, estão na origem, para o bem e para o mal, do que hoje vivemos por cá. Que seria este país se não tivesse acontecida aquela tomada de poder? Ou que teria acontecido se aquela tomada de poder tivesse vingado? Ou que teria sucedido se nada daquilo tivesse acontecido?
O 11 de Março de 1975 foi um marco importante e qualquer pessoa com mais de 39 anos viveu-o neste país. Concordasse ou não com ele.
Não falarem dele os media é escamotear o passado, é apagar o que não interessa e, talvez bem mais importante, não dar a entender que as forças políticas e as forças populares unidas com as forças militares, conseguem derrubar um mau governo em Portugal.

E há que ter muito cuidado nos exemplos que se possam divulgar, não vá alguém ter ideias hoje.

By me 

Sem comentários: