segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tampas



A história tem quase ano e meio.
Soube um dia, num fórum da net sobre fotografia, que uma pessoa tinha pedido a tampa de uma objectiva.
Fiquei igualmente triste, como é natural. Não apenas porque é sempre triste perder-se algo como um objectiva sem tampa é quase como um jardim sem flores: triste.
Para já nem falar na sua utilidade.
Acresce a esta situação que o local de residência dessa pessoa fica realmente longe, bem longe, de lojas que vendam tampas de objectiva. Na melhor das hipóteses, naquela zona vendem-se tampas de tachos, mas nem isso garanto.
Dadas as circunstâncias, entrei em contacto com a pessoa e ofereci-me para lhe encontrar por cá uma tampa. De preferência idêntica à perdida ou, em alternativa, que fizesse o efeito, mesmo que não da marca em causa.
Acrescentava eu que não queria dinheiro de volta (a minha relação com dinheiro não é das melhores) mas tão só que me enviasse algo típico do local onde vivia e que eu não conheço.
NOTA – Tenho feito este tipo de propostas com diversas pessoas, de diversos pontos do globo, sempre com sucesso e satisfação das partes envolvidas.
Aceite o negócio, pus-me em campo. Como eu suspeitava, não encontrei por cá uma da marca. É coisa que se perde com facilidade mas que não se encontra à venda da mesma forma. Mas encontrei uma outra, do mesmo tamanho. Que lhe enviei por correio.
Ainda hoje, quase ano e meio passado, estou à espera de receber algo pelos correios.

Estou triste e desiludido coma pessoa em causa. Não tenho o desprazer de a conhecer pessoalmente e não creio que tal venha a acontecer. Não quero andar de avião e não me apetece nadar meio oceano. E a minha desilusão é tanto maior quanto a pessoa em causa se afirma solidária e defensora de causas justas e meritórias. Sociais e políticas.
Quanto ao resto, continuarei a fazer como até aqui: a disponibilizar-me para intervir onde posso e posso fazer falta. Sempre com este tipo de negócio: sem dinheiros envolvidos. É muito mais divertido, personalizado e seguramente não taxavel.
A história, essa, fica como sendo a excepção que confirma a regra sobre a honestidade do ser humano.


By me

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