sábado, 23 de novembro de 2013

Manobras



Ainda sobre a manifestação das forças policiais esta semana.

Tenho estado em muitas manifestações ao longo da vida. Algumas mais pacíficas, outras não tanto, algumas só com meia-dúzia de gatos pingados, outras com muitos, mas muitos milhares mesmo, de participantes.
Além do meu papel de cidadão a fazer ouvir a sua voz, tenho feito o que de fraco sei fazer: fotografia.
E o fazer fotografia implica, de algum modo, saber antecipar as situações para melhor o poder registar.
Uma das coisas que me habituei a observar foi a forma como as forças policiais se colocam no terreno. Tanto preventivamente como em estado de intervenção.
Nas escadas da Assembleia da República têm estado quase sempre, e sempre que os manifestantes são muitos, agentes da polícia equipados com armas bem mais poderosas que apenas os bastões, escudos ou pistolas. Para quem souber observar, estão por lá, recuadas mas prontas a intervir, shotguns e lança-granadas de gás lacrimogenio. Não são difíceis de detectar onde se encontram nem como manobram, se se souber o que procurar.
Na manifestação das forças policiais desta semana não estive. Os meus horários de trabalho não mo permitiram. Mas vi as reportagens de diversas estações de televisão e as imagens vídeo ou fotográficas feitas por manifestantes e colocadas on-line.
E não consegui descortinar, em momento algum, esses agentes assim preparados. Apesar de lá não ter estado, quase que posso garantir que estas formas de contenção de turbas não estavam no terreno.

A tomada das escadas do parlamento foi feita com método e ordem. Afinal, quem o fez está habituado as estas coisas e a cumprir ordens. E elas foram dadas por quem da poda sabe e por megafone.
A estratégia foi bem escolhida e executada, com uma frente de ataque e quebra das linhas adversárias pelos flancos, obrigando-os a recuar.
Mas é igualmente certo que os defensores, ao invés do habitual, estavam menos preparados para aguentarem posições.

Pergunto-me se as ordens de usar a força sobre manifestantes são dadas apenas quando se sabe que estes são gente pouco organizada, sem líderes militares nem treino de confrontos. Por outras palavras, sobre cidadãos comuns.

Talvez que comece a fazer sentido que, em face de força desproporcionada, se empreguem métodos eficazes. Por parte dos manifestantes, entenda-se.

By me 

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