segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Harvest of death



Comemora-se hoje, creio, o armistício ou, se preferirem, o fim da Grande Guerra.
Chamou-se assim, à época, porque foi a maior que o mundo de então viu: em área em armas, em gente envolvida, em vítimas…
Mais tarde passou a chamar-se a primeira guerra mundial, já que adveio a segunda. Também mundial.
Nos dias de hoje decorre a terceira. A terceira guerra mundial. Com a diferença de, no lugar de balas e bombas, usar moedas e ratings. Mas o efeito é o mesmo: cobertura mundial, milhões de vítimas inocentes, consequências catastróficas e bem para além de uma geração… Olhe-se em redor e observar-se-á o campo de batalha.

Em qualquer dos casos, qualquer uma destas guerras foi ou é seguida com muita atenção pelos media. Afinal, as batalhas, os números, as vitórias e as derrotas são o de alimento os media têm.
Mas, por muito que se estranhe, não foram nenhuma delas a primeira guerra que encheu, à medida do seu tempo, os jornais.
As duas primeiras guerras que encheram os jornais, com relatos, despachos (como então se chamavam) e algumas fotografias aconteceram no médio oriente e no continente norte americano.
Refiro-me à guerra da Crimeia, que envolveu de um lado uma coligação composta pelo Reino Unido, França e o Reino da Sardanha, juntos com o Império Otomano e do outro o Império Russo – 1853-1856. E refiro-me à guerra civil americana, também chamada de guerra da Secessão – 1861-1865.
A fotografia, à época, tinha poucas dezenas de anos. Os seus processos, tanto de equipamento como de processamento, faziam com que os fotógrafos de guerra se fizessem transportar em carroções onde não apenas preparavam os negativos como os revelavam de seguida. Pouco prático e pouco portátil.
Por isto mesmo, as imagens destas duas guerras – das primeiras a serem fotografadas – não são aqueles instantâneos a que estamos habituados, com a guerra a decorrer e muito pouco romântica. São imagens estáticas, por vezes parcialmente encenadas, com o fito de, tal como hoje, mostrarem o que acontece nas frentes de combate ou nas linhas de retaguarda.
No entanto, e bem curioso, já então como agora as abordagens feitas pelos fotógrafos no local eram muito influenciadas pelas opiniões manifestadas pelos leitores dos jornais.
Se a guerra da Crimeia foi mostrada como um local onde, apesar de em guerra, as tropas não passavam mal, já a guerra da Secessão foi mostrada como sendo uma carnificina.
Que, se na primeira haveria que tranquilizar os familiares dos soldados na frente e justificar o envolvimento daqueles países num conflito distante, já na segunda haveria que demonstrar o horror de uma guerra fratricida, dividindo um país.
É interessante observar as imagens produzidas num e noutro local à luz dos seus objectivos.
Um exemplo das feitas na guerra da Secessão é este: intitulada “Harvest of death” (colheita de morte), foi feita em 1863 por Timothy H. Sullivan, dois dias depois da batalha de Gettysburg.

Não há guerras bonitas ou limpas. E desde cedo os fotógrafos o mostraram. Com mais ou menos floreados, de acordo com os editores ou directores dos jornais ou outros para que trabalham.

E, sejam grandes ou pequenas, mundiais ou regionais, o resultado é sempre este.

Texto: by me
Imagem: By Timothy H Sullivan

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