terça-feira, 22 de outubro de 2013

O saco



Entro numa tabacaria.
Eu sei! Eu sei que era uma tabacaria de um centro comercial. Mas, na zona em que me encontrava, não havia outro local que vendesse o que procurava. E pedi-o:
“Uma lata de tabaco e uma caixa de tubos, por favor”
Habituei-me, pela satisfação de usar o que me sai das mãos e pelo preço (muito mais em conta) a comprar assim e enchê-los em casa.
Escolhidas marcas e quantidades e pago o que me foi pedido, uma vez mais tive que afirmar aquilo que já me cansa dizer:
“Não quero o saco de plástico, obrigado.”
Ficam em regra, a olhar para mim, como se tivesse acabado de dizer uma enormidade, mas eu explico direitinho:
“Se me der um saco, em chegando a casa vou deitá-lo fora. Para quê, então, fazer lixo? O problema dos resíduos não é o que fazer com eles mas antes começar por não os produzir desnecessariamente.”
E completo o discurso, que é sério sobre um assunto sério, com uma brincadeira.
Metendo a mão no bolso de trás do colete, retiro e exibo o que aqui se vê, declarando:
“Não são só os políticos. Também eu tenho um saco azul!”
As caras passam de sérias a sorrisos, por vezes a gargalhadas. E há sempre, de um lado ou do outro do balcão alguém que acrescenta algo, ou p’la piada ou sobre o tema, que sério é.
A minha vitória diária é, para além dos sorrisos grátis, ter oportunidade ver alguém do lado de cá a recusar o saco, mesmo que já com compras no interior.

Este é o meu terceiro saco azul. Os outros dois, de tanto transportarem (de artigos de supermercado a livros, passando p’lo tabaco, casaco p’ra chuva e o que mais me apeteceu e deu jeito) gastaram-se.

O certo é que, não sendo eu político eleito ou candidato a tal, também tenho um saco azul.

By me

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