sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Migalhas



Há uns dias li um artigo num jornal em que um português, de 26 anos, pedia ajuda para terminar o seu doutoramento.
O pedido de ajuda surgia do facto de uma entidade (FCT) ter recusado dar-lhe a bolsa de estudo que pedia.
O montante em causa é de 6000 euros e o método de ajuda é usando o croudfunding. Está na moda este método. Cada cidadão que queira ajudar contribui com um montante à sua medida, mesmo que pequeno e, no final do projecto, haverá algo em retorno. No caso, uma referência na lista de agradecimentos.
Achei que a questão merecia um pouco mais de atenção da minha parte. Afinal, trata-se de alguém que quer aprender e cujos resultados do seu saber de algum modo podem melhorar toda a sociedade. Fui pesquisar.
Acabei por encontrar algo de mais pessoal de quem assim pedia ajuda. E não gostei muito. Por aquilo que diz, por aquilo de que gosta, pelas escolhas que tem feito, encontra-se do outro lado da barricada social ou, se preferirem, o seu ideal de sociedade está em total ou quase antagonismo daquilo que eu mesmo considero aceitável. Para não dizer ideal.
Acabei por arrepiar caminho nas minhas boas intenções em o ajudar.
Numa época em a humanidade se fracciona entre os que estão bem na vida, uns poucos, e os que lutam para conseguir apenas sobreviver, a esmagadora maioria, não tenho grande vontade de ajudar alguém que defende a manutenção ou intensificação do actual status.
Indo um pouco mais longe: “Fazer o bem sem olhar a quem” é bonito e recomenda-se. Mas não me apetece dar a pouca ajuda que posso a alguém que, e presumivelmente, amanhã tentará deitar por terra aquilo porque luto hoje.

Os projectos “croudfunding” são interessantes no seu conceito: muitos, com pouco, podem ajudar muito. Não apenas em dinheiro, entenda-se, mas no todo da vida. Que são muitas migalhas que fazem o pão.
Mas investir hoje naquilo ou em alguém que me irá prejudicar amanhã é burrice.

Guardei o pouco que posso dispor para situações semelhantes em o que ou quem, no mínimo, eu entenda que merece mesmo.

Byme 

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