domingo, 18 de agosto de 2013

Coisas básicas



Na sua relação com o universo e a vida, o Homem quantificou. E inventou os números.
Romanos, árabes, hindus, maias, seja qual for a numeração, foi uma necessidade básica inicial à cultura humana.
Mas, também necessitou de organizar essa sua relação com o universo e consequente quantificação. E criou três ordens de grandeza para o entender: a massa, o tempo e o espaço.
Claro que, com o evoluir da civilização, muitas outras formas de pensar e organizar o universo foram criadas: energia, volume, frequência, velocidade… Mas, de alguma forma, todas elas se relacionam com as primeiras: massa tempo, espaço.
E todos nós sabemos medir o tempo, e as distâncias, e os pesos.
Ao que parece, o sistema de medição mais antigo ainda em vigor é também o mais complexo: o sexagesimal. Segundos e minutos, tal como ângulos. Julgo saber que a sua origem é na antiga Suméria e basear-se-á na contagem das falanges de cada dedo de uma mão com o polegar, que resulta em doze, e na contagem dos dedos da outra mão, com o valor de uma dúzia cada um. Um total de sessenta.
Complexo, naturalmente.
A partir das quantidades de tempo mais pequenas – segundos e minutos – a coisa muda de unidades e sistema, usando o nosso próprio sol como referência: Dias, fases lunares, anos…
A contagem do tempo é, talvez, a mais complexa que inventámos, mas da qual dependemos e para a qual criámos belos mecanismos para nos auxiliar: relógios. Mecânicos, de sol, de água ou areia… ficamos extasiados a olhar o seu funcionamento.
Mas as outras bases do nosso relacionamento com o universo são bem mais fáceis de contabilizar: massa e espaço.
Baseiam-se no sistema decimal que, ao que julgo saber, provém da cultura hindu. Esta organização das quantidades por classes simplificou as contagens, tanto do muito grande como do muito pequeno. E, a juntar a isso, o nosso próprio corpo ajuda na aprendizagem, já que as duas mãos têm dez dedos.
Para ajudar, acrescentámos alguns prefixos que já de si definem quantidades ou escalas: micro, mili, quilo, giga… Lidamos com o milímetro e o quilómetro todos os dias. Tal como com o quilograma.
Temos assim que as unidades inventadas e com as quais medimos o universo, na sua imensidão ou o nosso quotidiano, são o segundo, o metro e o grama.
Repare-se agora uma curiosidade na última frase escrita: o artigo definido masculino “O” que antecede qualquer uma das três. Efectivamente, ainda que digamos “as” unidades, elas são em língua portuguesa do género masculino.
E isto inclui a unidade de massa: grama. Diz-se o grama quando queremos referir pesos. Tal como dizemos o quilograma.
Já “A” grama é outra coisa.
Conhecemos a grama como um tipo de relva, que pertence à família das gramíneas, 668 géneros e 10035 espécies. E se pisamos, ou não, algumas gramas no jardim, já não pisamos outras, que nos são igualmente conhecidas e importantes, como o trigo ou o arroz, que pertencem à mesma família.  

Não, eu não sei isto tudo de cor. Fui dar uma olhada onde o conhecimento está.
O que eu sei, realmente, é que “O” grama é unidade de massa ou peso e que “A” grama é um vegetal que pisamos ou comemos.
Fica o recado para o comum dos mortais e para aqueles que se entendem como de tudo sabedores e que escrevem ou dizem nos jornais materiais ou virtuais. Que quando pedimos fiambre dizemos “Pese-me aí UNS cento e vinte e cinco gramas” e quando relatamos apreensões de droga são encontradas OITOCENTOS gramas de produto. Já no jardim poderá ler-se “Não pise A grama”.
Se os nossos escrevinhadores à peça, quais jornaleiros à jorna, soubessem tanto de coisas básicas, como dizem saber de coisas elaboradas e transcendentes como de política e economia…



By me

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