segunda-feira, 15 de julho de 2013

Liberdades



Há uns anos uma conhecida minha, de origem Israelita, ficou grávida.
Andou ela preocupadíssima com o nome a dar à criança, um menino.
Ao que parece, a sua tradição implica certas regras na atribuição de nomes próprios, desde o ser da família a que pertence até não ser nome de pessoa infame, passando por ser nome de bom auguro.
Acompanhei como pude esta questão, tanto mais que todo um oceano nos separava. E aprender coisas novas, mesmo que tradições, é sempre bom.
No entanto, fiquei desgostoso com um aspecto que por cá também acontece: preocupam-se com o nome a atribuir a alguém que chega, mas sem se preocuparem com se ele ou ela dele gostarão. Impõem-lhe assim como que um carimbo à nascença, que acompanhará por todo a vida. A menos que….

A menos que se trate de alguém que, enxertado em corno de cabra como eu, decida que o seu nome é o que escolhe e não o que lhe foi imposto.
Excepção feita aos bancos, ao arquivo de identificação e a familiares próximos, todos me tratam por JC.
Este acrónimo, que resulta de dois nomes que possuo, surgiu de uma disputa profissional e política, há muitos, muitos anos atrás. Foi feroz a discussão, mas acabei por ganhar. E ficou.
Para além dos referidos acima, só assim não me tratam aqueles que, demasiado convencionais que são, entendem que eu nada tenho a ver comigo mesmo e que são eles que se hão-de impor às minhas decisões. Nalguns casos, quando esses assim me tratam, faço orelhas moucas e ignoro o chamamento. São exactamente aqueles que faço questão de tratar por você, uma forma coloquial de afastamento e de recusa de familiaridade.

Convenções, afectos e desafectos à parte: você usa o nome que quer ou deixa-se levar por peias impostas ainda antes de ter nascido?

Você usa da sua liberdade ou aceita ser livre apenas na medida em que os outros deixam?

By me 

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