sexta-feira, 26 de abril de 2013

Virtude




A photographia não tem que possuir virtudes!
Bem p’lo contrário, a photographia tem que ser provocativa, agressiva, dinâmica, violenta mesmo. A photographia tem que provocar emoções em quem a vê e, principalmente, em quem a produz.
A uniformidade, a monotonia, a falta de interesse, a ausência de diferença, transformam a photographia em algo de tão apelativo quanto a fotocópia da escritura, por exemplo, da compra de um apartamento.
O povo diz que “No meio-termo é que está a virtude!”
Em photographia, o meio-termo, o centro, a simetria, a “virtude” são a antítese de tudo o que a photographia tem que ser. A menos, claro, que o objectivo seja o aborrecimento, a monotonia, o tédio absoluto.
Por exemplo, mostrar o tédio que já se trás de casa, no caminho para mais uma entediante jornada de ganha-pão, no interior de um sempre igual e ronceiro comboio suburbano.
Entenda-se, no entanto, que mesmo um impoluta folha de papel de fotocópias, retirada ao calhas de uma resma recém aberta, pode não ser monótona. Depende, claro está, do estado de alma de quem para ela olha.
Apesar disso, continuo convencido que, em photographia, não é no meio que está a virtude. 

By me

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