quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lembrando




Com quinze anos já tinha escrito, batido à maquina, policopiado e distribuído panfletos subversivos contra a guerra colonial.
Já tinha assaltado, de noite, o liceu onde estudava e destruído algum material de secretaria, como forma de protesto activo e real contra as prepotências do sistema educativo ali vigentes.
Já tinha participado em encontros clandestinos de associações de estudantes, em Lisboa.
Já tinha distribuído, a preços de custo, copias piratas de um livro de estudo obrigatório, vendido nas livrarias a preços inacessíveis à maioria dos estudantes.
Já tinha feito o jogo do gato e do rato com contínuos e polícias.
E no dia seguinte…

No dia seguinte foi a alegria de saber que mais nada daquilo faria sentido porque obsoleto.
Foi o entusiasmo de saber que aquilo que era conhecido apenas em sonhos e sussurros – a liberdade – passara a fazer parte da vida real.
Foi a euforia de aprender e saber que o futuro éramos nós e que sairia das nossas próprias mãos.
O tempo passou e de quinze passei a cinquenta e quatro. Os factos e as práticas foram o que foram, tornando-se no que é hoje.
Espero que possa, sabendo que a História não se repete mas tão só se equivale, voltar a viver tempos equivalentes. Eu e todos os demais. Com a alegria, entusiasmo e euforia equivalentes. Em breve, se possível.


Para os que reclamam por um novo “25 de Abril”, um lembrete:
Não queiram que o passado se repita. Não acontecerá! Construamos antes algo de equivalente, que as circunstâncias são outras.
Mas façamo-lo!
Não se limitem a desejar e esperar que alguém o faça.
Se virem a oportunidade, agarrem-na. Se a não virem, provoquem-na.

By me 

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