Ansco

A sorte é quando a preparação encontra a ocasião.

Esta é uma frase velha, que venho usado desde há muito e que ouvi já não sei a quem.

Mas, neste caso, não sei muito bem como se aplica.

Um amigo tem andado a fazer arrumações lá por casa. No meio delas, há livros que vai encontrando e que lhe não interessam. E tem feito o especial favor de os fazer chegar às minhas mãos, sabedor do valor que vou dando a algumas destas preciosidades antigas.

Neste caso trata-se do “Manual Ansco La fotografia al alcance de todos”, edição mexicana da versão americana.

Editado em 1966, é um misto de manual fotográfico e de publicidade de uma companhia já extinta de câmaras e consumíveis fotográficos. Uma delícia!

Começando, desde logo, pelas ilustrações: por questões de custo de impressão, as páginas com fotografias são poucas e agrupadas. Mas o resto do texto vem acompanhado de desenhos, explicativos e com uma boa dose de humor. Sendo que, e isto é detalhe com interesse, foram feitos especialmente para o mercado mexicano, com alusões a trajes e hábitos deste país.

Em seguida, o conteúdo: faria sentido que muitos dos que hoje usam a fotografia como actividade mais ou menos regular lessem este livro, ou outros equivalentes. A óptica, a perspectiva, mesmo a estética, são transversais ao tempo e são básicas. E mesmo com o uso dos automatismos e imediatismos das actuais tecnologias, saber o que acontece com o que se tem nas mãos é importante bem para além a obtenção de resultados satisfatórios e consistentes. E saber prever, com rigor, o resultado dos nossos gestos antes de premir o obturador também.

Fica um livrinho de bolso com quase cinquenta anos, junto com outras curiosidades bibliográficas, para ler de fio a pavio nas noites frias de Inverno ou nas quentes de Verão.

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