segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Relatando




Já mudou ligeiramente de sítio.
Se da última vez que a fotografei estava juntinho a um dos carris, agora encontra-se mais ou menos a meia distância entre eles.
Suponho que esta mudança de poiso se deve tão só a alguma deslocação de ar aquando da passagem de uma composição sem paragem. Mesmo que abrandem ao atravessar a estação, sempre vão rápidos.
E começa a ser patusco verificar como este chinelo ou sandália se vai aqui mantendo, heroicamente, apesar das limpezas periódicas a que a brita e chulipas são objecto. Não se será mecânico ou manual, que nunca assisti, mas o certo é que os detritos “gentilmente” arremessados para a linha são recolhidos: jornais, garrafas, canetas, rolhas, pontas de cigarro, embalagens variadas, lenços de papel…
Contra tudo e contra todos, esta sandália mantém-se aqui, na linha três da estação do meu bairro, desde 16 de Setembro, pelo menos.
Numa espécie de desafio ao tempo, às intempéries, à minha curiosidade e aos profissionais de higiene da ferrovia.
Olhando para ela, e vejo-a todos os dias que fica mesmo junto à escada de acesso ao cais de embarque, pergunto-me se a sua dona já nela terá reparado e que será feito do seu par.
Se para outra coisa não servir o aqui assim jazer, servirá para dar asas à imaginação. E para fotografias quase repetidas. Mas só quase.

By me 

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