segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pedrada




Quase ao cair do dia. No passeio junto de uma grande estação ferroviária, mesmo ao pé de um grande centro comercial, uma mulher pede.
Não! Uma velha. Também não! Uma velhinha.
O seu tamanho pequeno, o seu cabelo em desalinho e completamente branco, as suas roupas velhas já remendadas, o lenço meio na cabeça, meio no pescoço, o seu falar muito pouco perceptível, fazem desta mulher uma velhinha de já bastante idade.
E não se enganem! Nem romena, nem ucraniana, nem brasileira, nem africana, nem sul-americana. Portuguesa, tanto quanto me foi dado a perceber pelas roupas e pelo sotaque.
Aliás, o sotaque foi o mais difícil de perceber, que do que dizia só se entendia ”quero comer”. Isso e a mão estendida.
Enquanto o seu corpo se apoiava no poste do semáforo que retinha ou autorizava que os consumidores do centro comercial avançassem.

Enquanto isto, deputados e governantes discutem quanto mais e de que forma irão cobrar aos cidadãos sob a forma de impostos, taxas, alcavalas e outros métodos mais ou menos violentos, mas todos imorais.
Será que se algum deles tivesse um parente que, no seu fim de vida, tivesse que esticar a mão à caridade, mais em público ou mais envergonhado, se lembraria ou atreveria a reduzir pensões, diminuir apoios na saúde, encravar a educação ou aumentar impostos sobre comida?

Começa a não ser alternativa viável o aceitarmos que unilateralmente alguns decidam por todos.
E começam a escassear as alternativas ditas civilizadas!


By me

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