domingo, 16 de setembro de 2012

Círculos




Vejo, aqui e ali, artigos e monografias, catálogos e discussões sobre a qualidade técnica da fotografia.
E quem sou eu para contrapor a estes argumentos, alguns expostos por quem sabe muito e muito mais que eu. Aliás, quem sou eu para contrapor a estes argumentos quando o meu ofício me exige que me preocupe com isso e quando um dos fotógrafos que tenho por muito grande dava pelo nome de Ansel Adams.
No entanto…
No entanto não vejo por aí, nem por aqui nem em qualquer outro lado a necessidade de haver uma ligação entre o fotógrafo e o que é fotografado. Não vejo discussões sobre as questões estéticas que não estejam sempre balizadas nas questões técnicas. Não oiço falar que há que amar ou odiar o que se fotografa, ou o resultado redunda em sensaboria.
Entender o que se fotografa, ter com isso uma relação afectiva, mesmo que negativa, perceber os mecanismos do que acontece em frente da objectiva (tanto do ponto de vista material como humano), são na minha perspectiva as condições base para que a fotografia ultrapasse a condição de fotocópia do mundo para se transformar numa visão pessoal do que cerca o fotógrafo.
As questões técnicas vão acontecendo, por degraus, à medida em que o próprio fotógrafo vai exigindo mais de si mesmo e no sentido que deseja. E constam dos manuais de instruções, livros técnicos para totós, artigos de revista e demais literatura especializada.
Agora o materializar do estado de alma e modo pessoal de ver… é algo que se cultiva, que se pratica, que se exercita diariamente. Mas que não vejo discutir nem, perdoem-me os lentes e doutores, constar de programas e conteúdos programáticos.
Mas talvez seja eu que não me movimento nos círculos certos.

By me 

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