segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A bota




Aquele caixeiro-viajante deslocava-se pela província, de carro.
Uma noite, já bem tarde, o sono pesa-lhe em demasia e resolve pernoitar numa pensãozita numa aldeia.
O recepcionista avisa-o para que não fizesse barulho, nem nas escadas nem no quarto, que os hóspedes eram gente de trabalho e que se levantavam bem cedo.
Já no quarto, tentando que nem o soalho nem a cama rangessem, começa a despir-se e escorrega-lhe uma bota para o chão, ecoando no silêncio da noite.
Praguejando baixinho, toma as cautelas necessárias para que se não repita e adormece, cansado.
Uma hora depois é acordado com fortes pancadas na porta e alguém que lhe grita, do outro lado:
“Tire lá a outra bota, que queremos todos voltar dormir em paz!”

Assim estamos nós, portugueses:
Calcam-nos com a bota em cima e ficamos chateados porque nunca mais vem a outra para que continuemos a dormir.


By me

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