quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Registos




Foi há uns dias.
Primeiro vi-o afastar-se de um automóvel com uma vassoura e começar a varrer a calçada.
Era domingo, não estava fardado e a vassoura era demasiado frágil nas suas cerdas para ter sido concebida para aquela função.
Estranhei e deixei-me ficar.
Quando constatei que só se preocupava com os desenhos da calçada, fiquei com uma quase certeza que decidi confirmar perguntando, ou não tivesse eu o nariz comprido.
Quaisquer dúvidas que ainda existissem na minha mente, ainda antes de entabular conversa, dissipar-se-iam quando vi que na traseira do carro pouco havia que não uma mala de equipamento, pequena, e este escadote.
Ainda lhes sugeri o uso do monopé com câmara, levantado bem alto: mais leve e fácil de transporte, permite colocar a câmara bem na vertical do assunto, evitando a perspectiva lateral e eventuais sombras. E demonstrei-o.
Rui-se ela, riu-se ele com sotaque francófono. E foram eles para o que ali os levara e que aqui se vê, fui eu para o que ali me levara, já no interior do jardim.
Um destes dias, e só por teimosia, faço-o à séria e sistematizado. Até porque, mais cabo, menos cano, um destes dias já não haverá desenho nas calçadas para registar.
O que eu não lhes disse, e que guardei como truque meu, é que um pouco de água e uma esfregona escurecem os interstícios na calçada, deixando em evidência a união das pedras brancas.
Mas não se pode contar tudo.

By me

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