sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sorrisos e vinganças




Há sensações que nada têm de novo, mas que são sempre divertidíssimas:
Estar num local mais ou menos concorrido, sem mais que fazer que não o esperar e deixar que os olhos se prendam em algo fotografavel. E ir registando sem outro objectivo que não o capturar alguma luz diferente ou alguma perspectiva desconhecida. Mesmo que seja o chão da plataforma.
O constatar os olhares franzidos de quem passa ou está é sempre uma diversão acrescida. Que não entendem que o prazer pode estar mesmo ali, a nossos pés, e não forçosamente lá longe, onde os olhos mal alcançam.
A vitória final acontece quando, um pouco mais tarde, um dos sobrolhos franzidos acaba por ficar sentando a nosso lado, na lombriga de ferro que nos transporta aos nossos destinos. Numa vã tentativa de usar de discrição, fica a espreitar por cima do nosso ombro o rever das imagens no pequeníssimo ecrã da câmara. O franzido da testa mantêm-se, mas o descido das sobrancelhas transforma-se em arqueado.
P’la minha parte, o que era um sorriso interior exibe-se agora, ainda que discreto. E, de vingança, rodo ligeiramente a câmara, para que possa ver melhor.
Fico com a esperança de ver um dia aquela mesma mocinha numa estação de caminho de ferro a apontar a sua objectiva para onde não parece haver nada de interessante.

By me 

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