quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sete e tal




Pouco faltava para as 7.30 da manhã quando entrei num café do bairro, a meio caminho entre casa e a estação de comboios. Um dos poucos cafés abertos a esta hora neste dia feriado. Que a maioria dos clientes, ao contrário de mim e de mais uns quantos, hoje não têm que se levantar cedo.
E isto é tão verdade que, com a minha entrada, ficou equilibrado o número de pessoas dos dois lados do balcão: três.
Achei graça a esta singularidade e comecei a prestar atenção ao que ali acontecia e não acontecia: que faziam aquelas duas senhoras e um homem, ali, sem clientes; o pouco que havia no expositor do balcão no tocante a produtos frescos, quem eram os outros dois clientes; que consumiam…
Estes pertenciam àquela classe profissional para quem, como eu, não sabem o que são feriados ou a garantia de dormir de noite todas as noites do ano: polícias.
Fardados e equipados, perguntei-me se estariam em patrulha, já que não vira a respectiva viatura parada por perto. Apesar de isso pouco significar, que sei haver inúmeros carros da PSP parados por falta e verba para manutenção ou consumíveis.
Pagaram dez euros e pouco pela despesa dos dois e saíram. O valor fez-me olhar com mais atenção para a mesa de onde se levantaram: duas chávenas de café, dois pires que pareciam ter contido sandes, um copo de galão e uma garrafa de cerveja. Sem copo.
E fiquei a pensar que não me agrada que, pelas 7.30 da manhã, um agente da polícia de segurança pública emborque uma cerveja. Estando de serviço, entenda-se. E, estando de serviço, não me agrada que emborque uma cerveja, seja a que horas for.
Tornei a cruzar-me com eles minutos depois. No atravessar a avenida, cedi a passagem a um carro que a desci, e eles estavam lá dentro. O consumidor de cerveja ao volante.
Talvez que fosse o fim do turno e que aquilo tivesse sido uma ceia tardia e merecida. Por uma noite de trabalho, dentro de um carro patrulha ou fechados dentro de uma esquadra, esperemos que sem nada que fazer. Mas a esquadra fica a mais de um quilómetro e o carro era particular, o que me leva a deduzir que se tratava de uma patrulha discreta ou uma rápida escapadela ao serviço. Até porque levavam consigo o rádio da corporação.
Mas não me agrada nem um nico que um agente das forças de segurança, fardado e armado, consuma álcool. Não me sinto em segurança, tão pouco seguro quanto junto de qualquer outro cidadão consumidor de álcool e armado.
Manias minhas, que querem!

By me

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