sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cantinho especial




Conheço o espaço há, pelo menos, dois decénios.
Boa comida, simpatia de quem ali trabalha, não muito longe de casa, preços que, não sendo do estilo do fast-food não são escandalosamente caros.
Volta e meia vou até lá. Pelo prazer da comida e pelo conforto de me sentir quase que em casa. E, muito curiosamente, estes dois factores têm contribuído generosamente para alguma da minha verborreia.
O ser cliente habitual tem as suas vantagens, como seja o saberem de antemão qual a mesa de que mais gosto. E, quando cruzo a porta, sozinho ou acompanhado, vão-na logo preparando.
Hoje não pôde ser. Estava mais comprida que o normal e com o dístico de reservada. Pediram-me desculpa, como se fosse coisa muito grave, e acabei numa outra, do outro lado da sala.
A comida veio e fui-me entretendo com ela e com os meus pensamentos (que desta feita não foram tão profícuos quanto o costume), até chegar a altura da sobremesa. Aí fiz parar tudo, que sei terem eles uns doces novos, feitos à base de um ingrediente não muito comum, e queria dele tirar o máximo: alfarroba.
Já tinha provado o doce de fios de ovos, amêndoa e alfarroba, de se lhe tirar o chapéu. Desta vez foi a mousse de alfarroba, igualmente deliciosa.
E torna-se bem mais estranho quanto o ter conhecido este fruto em pequeno, que o meu avô tinhas alfarrobeiras. E o que delas colhia seguia ou para a indústria farmacêutica ou para os porcos, que outro uso lhe não davam.
Pois quando estava dar uso à colher e ao palato, constato que quase todas as mesas estavam já ocupadas, ao invés do que se vê na fotografia. E algo me deixou de orelha levantada: comum a todas as mesas a distribuição dos comensais: eles de um lado, elas do outro. E estava a tentar perceber qual o fenómeno quando gritaram, quase que uníssono “Golo!”
Pois, estavam todos de frente para um muito grande televisor onde se exibia um qualquer jogo de bola. E, como devem imaginar, a minha posição preferida neste restaurante é exactamente de costas para o aparelho.
Ficou-me no paladar a mousse de alfarroba, a ponto de ter recusado o café de remate, não fosse ele apagá-lo.
Na imagem a sala, antes de chegarem os fanáticos da bola e de chegar a comida. Antes mesmo de provar o vinho que, como tudo na vida, tem que respirar um pouco.

By me 

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