sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Guerras, armas e munições




Um destes dias, ali no bairro de Alvalade, em Lisboa, constatei que andava mais descuidado comigo mesmo do que eu próprio gostaria de admitir. Olhei para as unhas das mãos e achei que havia que tratar da coisa antes que a vergonha me mandasse usar luvas.
Vai daí, entrei numa drogaria/perfumaria e pedi um corta-unhas.
“Grande ou pequeno?”, perguntou-me o simpático caixeiro, cujo nome de ofício corresponde à idade que aparentava.
“Pequeno.”, disse, “Daqueles que nos esquecemos que temos no bolso.”
Afastou-se ele para uma dependência interior, parou na soleira da porta e, olhando para mim, inquiriu:
“Chinês ou Americano?”
Parei uns segundos a pensar e respondi:
“Olhe, traga-me dos dois para eu escolher.”
Voltou ele com estes dois que aqui vedes e esclareceu:
“Sabe, são da mesma marca, mas um diz que foi feito na China (o menor) e o outro que foi feito nos USA (o maior). Fora isso são iguais até na qualidade.”
“E o preço?”
“Custam o mesmo: dois euros.”
Não resisti e comprei ambos. E acabaram por chegar a casa virgenzinhos da Silva, que o meu desejo de os fotografar como tal se sobrepôs à minha vergonha.
Falta-me dar umas voltas pelas drogarias e perfumarias da cidade, na esperança de encontrar um, da mesma marca e tamanho, mas made in UE.
Aí sim, terei um representante de cada uma das forças que agora se digladiam nesta guerra a que agora assistimos e na qual somos carne para canhão. Quiçá munição mesmo.

Texto e imagem: by me

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