segunda-feira, 7 de novembro de 2011

10:30




Quando entrei no quiosque onde habitualmente compro cigarros, disse-me a empregada, mulher de trintas e muitos, brasileira:
- Ai, sr. Duarte! Sabe o que vai acontecer amanhã à noite? Vai cair um enoooorme meteoro na Terra! Sabe a que horas é? Sabe onde? Estava à espera que por cá passasse para lho perguntar. Ai, que vai ser de nós?!
Primeiro fiquei espantado, depois sorri, sabendo que a sua preocupação, a roçar o pânico, não lhe deixaria notar a minha condescendência.
Lá lhe expliquei que se tratava de um asteróide, bem identificado, com cerca de 400 metros de diâmetro e que não, não iria cair na Terra mas sim passar entre esta e a Lua. Tal como está previsto. E que o evento, de acordo com os astrónomos, acontecerá algures entre as onze e a meia-noite.
- Ah! Então vai ser aquele clarão na noite!
Pois acrescentei que não, que não seria visível a olho nu. Contei-lhe a diferença entre cometa, asteróide e estrela cadente e que estes ardem em contacto com a atmosfera. E este não roça sequer a atmosfera. Exemplifiquei mostrando o tamanho de um punho como sendo a terra e dizendo que o que aí vem será, comparativamente, menor que a pontinha de uma agulha, bem longe do ar que envolve a Terra.
Rimo-nos os dois, enquanto entrava mais um cliente. Saindo eu, ficou ela bem mais aliviada. E soubemos os dois que passaria as próximas duas noites com sonos tranquilos.

Resta contar porque esperava ela que eu viesse para mo perguntar.
Que tenho o hábito de ir divulgando, em os sabendo, os fenómenos astronómicos visíveis e dignos de serem vistos, os mega espectáculos que a natureza nos oferece, a custo zero. Porque sei que as pressas e as pressões da vida urbana ofuscam a possibilidade de as saber ou desfrutar.
Até porque só são divulgadas pelos media quando passíveis de serem transformadas em sensacionalismo. Ou servirem de distracção para uma qualquer medida legislativa ou fiscal de pouco agrado.
Fiquei eu à espera da carreira urbana que me levaria ao meu destino temporário, enquanto o 2005YU55 continuará em trânsito, com uma rotina prevista de cinco anos. Como tudo o resto, é uma questão de escalas e paragens.

Texto e imagem: by me

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