quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A zebra



Cínico? Pois serei!
Certo é que quando vi que andavam a repintar o zebrado indicador de passagem de peões, a primeira coisa de que me lembrei foi: “Estamos prestes a ter eleições autárquicas?”
Depois fiz contas e cheguei à conclusão que só estão previstas para 2013.
Então, porquê intervenções municipais num bairro suburbano, classe média baixa e baixa, se não se prevêem proveitos políticos?
Lembrei-me, então, de uma alternativa: Têm os municípios um orçamento para este tipo de intervenções, e há que gastá-lo, quando não corre-se o risco de ele ser menor no ano seguinte. E o fim do ano (pelo menos o que permite em termos climatéricos) está a chegar.
Mas a minha mente foi mais longe ainda: Este bairro nunca foi muito cuidado pelo município, está nos limites da freguesia (que até é a que maior quantidade de eleitores inscritos tem em toda a União Europeia) e, consta, ainda não está por inteiro entregue do urbanizador aos poderes públicos. O que torna mais difícil a distribuição de responsabilidades na gestão dos arruamentos e demais equipamentos colectivos.
Foi então que me lembrei de um detalhe: Durante meses foi sendo criado um buraco no asfalto. De dia para dia aumentava, tanto de área como de profundidade. Chegou a ter meio metro de largura com mais de 40 cm de profundidade. Bem no meio da faixa de rodagem, junto a uma tampas de esgoto. Alguns foram, eu mesmo incluído, os que ali colocaram sinalização (galhos de árvore, travessas com plásticos atados, um poste de sinal caído com uma seta agarrada) espetados no buraco. Para além de todas as chamadas de atenção às autoridades competentes, sempre serviria para que algum condutor mais distraído ali caísse.
O mais grave neste buraco é que se devia ao retirar do solo por baixo do asfalto, talvez devido ao correr de águas de chuva por onde não deviam.
Alguns de boa-vontade foram enchendo o buraco com pedras e tijolos, numa tentativa vã de diminuir a sua profundidade, mas a natureza sempre a insistir. Foram meses de ver o buraco a aumentar e nada ser feito por quem devia – fosse quem fosse, de todas as entidades públicas eventualmente envolvidas.
Na outra semana vi que tinha sido tapado. Primeiro constatei que estava cheio e batido, depois levou asfalto por cima. Suspeito que não bloquearam o correr das águas, pelo que o próximo Inverno irá mostrar o poder das infiltrações aquíferas.

Este pintar de zebra servirá, talvez, para disfarçar o maltrapilho remendo aqui feito. E como seria suspeito fazê-lo apenas aqui, sempre foram gastando mais umas latas de tinta e horas de operários com outras ruas e cruzamentos.
Ficarei cá para ver se, até ao final da época propícia a este tipo de intervenção, serão repintadas todas as passagens de peões cá do bairro.
E, enquanto os carros não as sujam, o branquinho até que é bonito de se ver.

Texto e imagem: by me

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